Para a empresária Iara Raimundo, a possibilidade de obter um empréstimo representa a realização de um sonho: a ampliação da sua confecção de jeans. Atualmente, ela busca recursos junto ao Banco Sicredi, em Torres, a 198 quilômetros de Porto Alegre.

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A ação só é possível a partir de uma parceria estabelecida no final de fevereiro entre a instituição financeira e a Prefeitura Municipal. Essa parceria assegurou a abertura de uma linha de crédito para os cerca de 260 estabelecimentos participantes do Programa Empreender na cidade. Impulsionado pelo Sebrae no Rio Grande do Sul, em parceria com a Prefeitura Municipal e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade, o Empreender estimula o associativismo e a capacitação dos empresários de pequenos negócios.

?Tenho maquinário próprio, mas preciso de máquinas com capacidade de produzir peças de melhor qualidade e em maior quantidade?, explica Iara, que aguarda a avaliação do seu pedido de empréstimo por parte do banco. A confecção dela, a Iara Jeans está há dez anos no mercado e emprega quatro pessoas.

A linha de crédito veio em boa hora para a empresária, que firmou uma parceria com uma facção de Tramandaí, município vizinho, para realizar o acabamento e a montagem de 200 peças de vestuário por mês. ?Preciso das novas máquinas para garantir essa produção?, avalia. O Núcleo de Confecção, do qual Iara Raimundo participa, é um dos maiores do Estado, reunindo 20 empresas e cerca de 120 costureiras que atuam como autônomas, a maioria delas sem registro como pessoa jurídica.

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A linha de crédito especial foi apresentada, no dia 28 de fevereiro, a cerca de 100 empresários e contempla exclusivamente estabelecimentos participantes do Empreender no município de Torres. Lá, desde 2005, são desenvolvidos por meio do programa núcleos nos segmentos de confecções, minimercados, automecânicas gastronomia, lojas de confecções e calçados, lojas de material de construção e farmácias. Até o momento, um empréstimo foi concedido para a Lancheria Ponto do Café. ?Vamos investir em melhorias na estrutura do negócio?, afirma Rudiel Luciano Boeck, sócio do estabelecimento.

O facilitador do Empreender em Torres, Valdonir Gonçalves do Santos, destaca que os recursos também serão úteis, em alguns casos, para transformar negócios informais em formais. ?Essa é uma necessidade de boa parte dos participantes do Empreender?, afirma. Na avaliação de Santos, a procura pela linha de crédito deve aumentar nos próximos meses, à medida que as vantagens da operação forem se tornando conhecidas dos demais participantes do programa.

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Para Iara, por exemplo, o prazo de pagamento, de 24 meses, com dois meses de carência, é bastante atraente. ?Nesses dois primeiros meses, eu posso acumular dinheiro para pagar duas prestações?, calcula. Santos salienta que a burocracia exigida pelo banco é reduzida, além de ser preciso apenas um fiador.

Para haver a concessão do crédito, o empreendedor não pode ter o nome incluído no Sistema de Proteção ao Crédito (SPC), no Serasa ou ter título protestado, explica o facilitador. Também é necessária a abertura de uma conta no Sicredi com depósito inicial de R$ 20 e depósitos mensais de R$ 10 durante o pagamento do financiamento.

?É como uma poupança. Os valores serão restituídos corrigidos quando o correntista completar 60 anos, no caso de pessoa física ou 15 anos após a aplicação para pessoa jurídica?, informa o gerente de negócios do Sicredi, Gerson Machado. Ele salienta ainda que os valores isentam os correntistas de qualquer outro pagamento para emissão de talões de cheque e extratos, entre outros serviços oferecidos pelo banco. A Prefeitura de Torres é avalista de todas as operações realizadas.