Começou não com a celeridade esperada pela maioria a limpeza necessária do governo Luiz Inácio Lula da Silva, para que tudo fique nos trinques no início do segundo mandato. O primeiro a pedir o boné, evitando o constrangimento do próprio presidente, foi o ex-ministro Luiz Gushiken, da então poderosa Secretaria da Comunicação Social, membro do chamado núcleo duro do governo. Gushiken havia sido deslocado da função original para a chefia do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (NAE), tendo em vista a inclusão de seu nome na lista de 40 envolvidos no escândalo do mensalão, aliás, elaborada pela Procuradoria Geral da República.
Um dos auxiliares mais próximos de Lula, Gushiken perdeu todo o prestígio junto ao presidente e tornou-se figura apagada na composição do governo. Agora, depois de tanto tempo, mandou uma carta a Lula na qual pede o afastamento das funções até agora exercidas, deixando o companheiro à vontade para a escolha dos novos componentes da administração.
Antigo líder sindicalista em São Paulo, Gushiken teve atuação destacada no Sindicato dos Bancários até ser eleito deputado federal pelo PT, teve papel preponderante na distribuição das verbas publicitárias do governo, além de manter sob rédea curta a mídia patrocinada por instituições públicas do porte do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
Uma das ilações prováveis é que esse tenha sido o caminho percorrido pelo publicitário mineiro Marcos Valério de Souza, em seu relacionamento direto com os principais dirigentes do PT, José Genoino e Delúbio Soares, aqueles que assinaram os papagaios no Banco Rural com o objetivo de irrigar o valerioduto depois denunciado pelo ex-deputado Roberto Jefferson.
Gushiken deveria ter saído a mais tempo do governo, sussurra-se nos corredores do Planalto, seguindo o exemplo de José Dirceu e Antônio Palocci. Outro personagem importante da administração Lula, o secretário particular Gilberto Carvalho, também está disposto a pedir as contas pelo mesmo motivo: dar toda a liberdade ao companheiro Lula na hora de escolher os novos colaboradores. Só agora, essas pessoas se flagraram?
