Limpeza da prisão do Ahu está concluída

O centenário prédio da Avenida Garibaldi, 750, no Ahu, que até a última quarta-feira (12), abrigava 900 presos da Prisão Provisória de Curitiba (PPC), está totalmente vazio e, a partir do próximo mês, passa a ser estudado por arquitetos e engenheiros para a construção do Centro Judiciário de Curitiba. Na tarde desta sexta-feira (14) a direção da unidade abriu as portas para a imprensa, com a finalidade de produzir imagens do presídio mais antigo do Estado, tido como ponto de referência do bairro.

?Considero uma das unidades prisionais que mais oferecia atividades de ressocialização aos presos?, analisou o diretor, Adib Tuffi Júnior. ?Dos 900 detentos que aqui estavam, 600 estavam em canteiros de trabalho (panificadoras, marcenaria, ateliê de costura, entre outros) e 350 estudavam. Tínhamos quase 100% de ocupação?, concluiu Adib.

Para o secretário de Obras Públicas, Luiz Denirzo Caron, o esvaziamento do Ahu foi dividido em dois momentos. ?A remoção dos presos tem contexto histórico. Sempre circularam promessas sobre a desativação do Ahu e, agora, isso se concretiza. O outro ponto é a construção do Centro Judiciário, que vai proporcionar a centralização dos serviços de fórum, num só lugar e com instalações adequadas?, resumiu Caron.

Ele explicou que serão investidos R$ 230 milhões nas obras do Centro Judiciário, de recursos provenientes de um fundo, cuja proposta será encaminhada à Assembléia Legislativa, em agosto, para aprovação. Segundo Caron, o cronograma prevê, até o próximo ano, a execução dos projetos e depois das avaliações, o início das obras em três anos. A estimativa de conclusão é em 2010.

Museu

Das nove galerias existentes no prédio de quatro andares, dois pavimentos devem ter as grades e celas preservadas, para futuramente se tornar um museu penitenciário. Contudo, essa é uma das possibilidades analisadas pela equipe de projetos.

Os arquitetos Edson Klotz e Giana Caproni, da Secretaria de Obras Públicas, e Myrthes Lacerda de Medeiros, do Tribunal de Justiça, acompanharão o trabalho do escritório de arquitetura paulista Königsberger Vanucchi, vencedor do concurso público nacional que selecionou o projeto. ?Serão feitas avaliações do programa de necessidades, potencial do uso do terreno, aproveitamento da área total de 170 mil metros quadrados, projetos elétricos, hidráulicos e detalhes de estrutura?, comentou Klotz.

No Centro Judiciário de Curitiba funcionarão as varas de família, cível e criminal, hoje, distribuídas em 16 prédios diferentes, muitos deles, sem condições adequadas e com custo de aluguéis.

Centenário

Construído em 1896, para o funcionamento do Asilo para Alienados Nossa Senhora da Luz, o prédio do Ahu, foi designado a se tornar um presídio, por acordo firmado em 28 de abril de 1905, pelo então presidente do Paraná, Francisco Xavier da Silva. Passados quatro anos, o Estado efetuou a compra do terreno de 300 mil metros quadrados, com escritura lavrada no cartório do Ahu.

Em 1945, a unidade passou a ser chamada Prisão Provisória do Estado, depois de denominações como Penitenciária do Estado e Penitenciária Central. Desde sua criação, sempre foram realizadas oficinas de trabalho e estudo aos apenados. No ano passado, a Secretaria da Justiça e da Cidadania e Correios lançaram o selo comemorativo aos 100 anos da unidade.

Transferência

Dos 900 presos que ocupavam a PPC, 803 foram transferidos gradativamente, desde o último dia 28, para o recém-inaugurado Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara (CDR), na Região Metropolitana de Curitiba, enquanto os detentos provisórios, removidos a Casa de Custódia de Curitiba (CCC) e Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais. ?A transferência aconteceu de forma tranqüila, sem qualquer manifestação dos presos e com o apoio de 90 homens da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal?, finalizou Adib.

Os pertences dos detentos do Ahu ficarão à disposição dos familiares, a partir de segunda-feira (17), na administração da unidade.

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