Os líderes dos partidos aliados ao governo começaram hoje a preparar o terreno para enfrentar a oposição no Senado, que tem obtido ganhos políticos e se comporta de forma organizada. Em almoço no gabinete do líder do PMDB na Casa, Ney Suassuna (PB), os governistas decidiram montar um novo esquema de articulação.
A idéia é acertar os ponteiros para evitar surpresas na votação do recurso sobre o funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, que, depois de apreciado pelos deputados em sessão conjunta do Congresso, deverá ser submetido aos senadores – será mais um confronto entre oposição e administração federal.
Na reunião, os líderes cobraram uma maior atenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos ministros. Diante das reclamações, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), ficou de marcar um encontro dos líderes com Lula para a próxima semana.
Mercadante concorda que é preciso ter encontros regulares entre o presidente e os aliados políticos. "O governo tem de olhar mais para o Senado", observou.
Na avaliação dos senadores do PT, PSB, PTB e PMDB, ou o Poder Executivo resolve unificar a base ou as condições se complicarão cada vez mais.
"A oposição está muito organizada", disse o líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), que pretende trabalhar pela aprovação do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) até dia 30, mas deve enfrentar entraves da oposição, que deseja obstruir os trabalhos para evitar a paralisação do Legislativo durante o recesso parlamentar de julho.
No esforço em busca de sintonia, os líderes se reunirão todas as segundas-feiras para montar o plano de atuação na semana, distribuindo tarefas nas comissões e plenário.
O líder do governo no Senado está sobrecarregado à frente da função e, raramente, dá contribuições na defesa do Executivo.
As sessões plenárias de segunda e sexta-feira são dominadas pelos senadores de oposição, que ficam sozinhos atacando o Palácio do Planalto.
Na terça-feira (07), os líderes aliados se encontrarão num almoço para fazer uma avaliação e azeitar o projeto político. A falta de atenção dos ministros, um tema recorrente, voltou à tona no almoço – farto em comida nordestina – oferecido por Suassuna.
Os líderes relataram as dificuldades em marcar audiências e até mesmo falar ao telefone com os ministros. Nem o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, geralmente, poupado das críticas, foi excluído.
"Eu não tenho problemas com o ministro Palocci", disse Bezerra, segundo relato de um senador presente. "É porque você atua na área de Orçamento", interveio a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que também participou da reunião.