Um grupo de 22 entidades empresariais terá amanhã um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, numa tentativa de reforçar a blindagem da economia contra a crise política. Os empresários farão um apelo para que o governo saia da paralisia e se concentre em uma "agenda mínima" para que o crescimento econômico não seja sacrificado.
O Planalto, por sua vez, aproveitará a oportunidade para mostrar um Lula operante, que conta com o apoio do setor produtivo quando se trata de manter a governabilidade.
O encontro foi costurado pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que jantou ontem à noite, em São Paulo, com um seleto grupo de empresários. Também o secretário de Assuntos Institucionais, Jaques Wagner, atuou na articulação do evento.
Conforme antecipou o Estado em sua edição do último dia 25, os empresários passaram a cobrar uma "agenda mínima" do governo porque acham que as denúncias de corrupção devem ser apuradas, mas não podem concentrar todas as energias do governo.
Eles acham que não basta manter a macroeconomia arrumada, como vem sendo feito até agora. É preciso avançar na agenda de reformas econômicas, para não colocar em risco o crescimento futuro. Embora os indicadores ainda mostrem a economia em boa forma, o ambiente de incertezas já está afetando decisões de consumo e investimento, segundo admitem integrantes da equipe econômica.
Os empresários acham, além disso, que é necessário manter em funcionamento o dia-a-dia do governo. As salvaguardas comerciais contra China, por exemplo, até hoje não saíram do papel por falta de regulamentação. Empresários do setor cobraram pressa do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e ouviram a explicação que elas estão paradas por causa da mudança de comando na Casa Civil.
Também está pronta, há semanas, uma reformulação do programa de investimentos federais em estradas. Aguardam anúncio pelo presidente Lula.
Para o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a agenda mínima não é estática e representa muito mais do que uma lista de propostas prioritárias que devem ser encaminhadas até o final do ano. "É uma provocação do Congresso, do governo, da sociedade, para a conscientização da necessidade de outros temas caminharem enquanto a CPI apura as denúncias".
Ele disse que tem mantido contatos freqüentes com os presidentes da Câmara, Severino Cavalcanti, e do Senado, Renan Calheiros. Na terça, conversou com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Mesmo que não haja consenso em torno de uma lista, não importa, desde que haja a movimentação para as coisas caminharem", disse. "É uma agenda de aprovação".
Ele citou alguns projetos que considera importantes: Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (está na Casa Civil); o projeto de reformulação do Sistema Brasileiro de Concorrência (também parado na Casa Civil), a regulamentação do fundo garantidor das PPPs.