O pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi bem recebido pelos líderes do PFL e do PSDB no Senado, Agripino Maia e Arthur Virgílio Neto, respectivamente e pelo senador Cristóvam Buarque (PT-DF). Eles assistiram ao pronunciamento juntos em uma sala próxima ao plenário do Congresso, conhecido como "cafezinho".
Cristóvam classificou o pronunciamento de "frustrante". Segundo ele, diante da dimensão da crise política o presidente Lula não poderia resumir o seu pronunciamento a afirmação de que foi traído por companheiros do PT e do governo e que estava tão indignado quanto a população.
"O povo tem o direito de ficar indignado, o presidente não. Cabe ao presidente da República o dever de transformar sua indignação numa ação firme de combate a corrupção. Ao não propor uma linha de ação acabou a credibilidade", afirmou o ex-ministro da Educação.
Para Agripino Maia, o pronunciamento do presidente "não convenceu". Ele considerou que o momento é de dar prosseguimento às investigações que envolvem o uso de caixa 2 em campanhas eleitorais e suposto pagamento de mesada a parlamentares da base do governo. "Se as evidências levarem à prática de crime eleitoral ou algum tipo de crime cuja penalidade seja o impeachment nós não hesitaremos de chegar lá", afirmou o líder pefelista.
Arthur Virgílio Neto disse que o presidente Lula "fez uma prestação de contas falsa que não cabia". Ele acrescentou que foi "um discurso pífio, que não apontou o nome dos corruptos". Arthur Virgílio disse, ainda, que o presidente falou de reforma política como se esta fosse a solução para a crise.
O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Luis Otávio (PMDB-PA), que também estava no "cafezinho" do plenário assistindo ao pronunciamento presidencial foi o único a sair em defesa de Lula.
"Mesmo sem delegação da responsabilidade de falar em nome de apoio ao governo vou defender deste plenário o presidente Lula", disse o parlamentar. "Eu sou um caboclo do Pará e, por isso, vou até o fim em defesa do governo do qual faço parte. Não vou fugir deste desafio", acrescentou o presidente da CAE.