A Câmara decidiu requisitar o inquérito da Operação Navalha, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada. A decisão foi tomada em reunião do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e os líderes dos partidos políticos. Eles argumentam que é importante esclarecer se há ou não envolvimento de parlamentares no esquema de recebimento de propina para beneficiar a empreiteira Gautama, em licitações de obras públicas. "Essa é uma função constitucional do Legislativo: fiscalizar", argumentou o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ), que propôs a requisição dos documentos.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) informou que os documentos sigilosos serão avaliados por uma comissão suprapartidária. "A Câmara vai fazer uma análise imediata, não para acobertar eventuais envolvidos, mas para dar o encaminhamento necessário", afirmou. Para o líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE), é importante a análise dos documentos para que o Congresso não fique à margem das investigações.
Não houve acordo entre os líderes quanto a criação de uma CPI para investigar essa questão. O PPS e o PSOL defenderam a instalação da CPI, mas outros líderes foram contra. "O que a CPI vai fazer que o Ministério Público e a Polícia Federal não fizeram? A CPI nesse caso não traz nenhum benefício", afirmou o líder do PR, Luciano Castro (RR).
Os líderes decidiram também votar nesta semana a proposta de emenda constitucional que acaba com o voto secreto no Poder Legislativo. A proposta já foi aprovada em primeiro turno no ano passado, mas sua votação tem sido adiada sistematicamente nos últimos meses. "Acabar com o voto secreto é uma garantia para o futuro, no caso de processos disciplinares", afirmou Alencar.
Reforma Política
Os líderes também decidiram discutir e votar, separadamente, cada ponto da reforma política. Eles chegaram à conclusão de que existem inúmeras divergências, mesmo dentro de suas próprias bancadas. "O deputado raciocina, no caso da reforma política, sobre a sua próxima eleição", disse José Múcio demonstrando a dificuldade de consenso, já que cada parlamentar pensa na melhor forma que terá para se reeleger.