O mapa da divisão político-administrativa do Sudoeste diminuiu. Entre as mesorregiões apontadas pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), que toma dados tendo por base o IBGE e referencia pesquisas realizadas por entidades governamentais em geral a sudoeste perdeu os municípios de Clevelândia, Palmas, Coronel Domingos Soares, Mangueirinha e Honório Serpa, que, dentro da nova divisão passam a pertencer a região Centro-Sul, que tem como município pólo Guarapuava.
A constatação foi tema de amplo debate durante os apontamentos regionais do Congresso Paranaense da Indústria, organizado pelo Sistema Fiep, em Curitiba, nos dias 1 e 2 de dezembro. O debate teve a presença do prefeito de Francisco Beltrão, Vilmar Cordasso e dos prefeitos eleitos de Pato Branco, Roberto Viganó e de Coronel Vivida, Pedro Mezzomo, além do coordenador regional do Sistema Fiep Pato Branco, Cláudio Petrycoski; do presidente do Sinvespar (Sindicato das Indústrias do Vestuário do Sudoeste do Paraná) Edson Luiz Campagnolo; do presidente da Agência de Desenvolvimento da Mesorregião, Célio Bonetti e do coordenador regional da Fiep Francisco Beltrão, Roberto Flávio Pecoits, entre outras lideranças.
Uma constatação preocupante foi de que a exclusão dos cinco municípios reduz população, território e, por conseqüência as representatividades política e econômica. A região cede para Guarapuava uma região amplamente rica no setor madeireiro e uma considerável fatia populacional. "As referências para qualquer iniciativa passam a ser os novos mapas, também contidos no Sumário Executivo de Leituras Regionais distribuído pelo Ipardes", desabafou Solange Stein, da Sinvespar detalhando que a região que teria 570 mil habitantes hoje, oficialmente, não passa de 490 mil.
O fato preocupou lideranças participantes tendo, numa visão ainda não aprofundada, propensão de gerar mais prejuízos para a área de influência de Pato Branco. O coordenador regional da Fiep, Cláudio Petrycoski se mostrou preocupado com a questão e ressaltou a necessidade das lideranças das entidades participantes reivindicarem um posicionamento das autoridades políticas e aos responsáveis por tamanha modificação. "Nem o povo de Palmas e muito menos o de Clevelândia, cidade mãe do Sudoeste aceitam esta nova condição, o que exige ação política. Até mesmo os participantes de Palmas não entenderam como foram participar de debates com Guarapuava."
Pecoits, Petrycoski e Campagnolo deverão levar o tema que gera insatisfação para a Amsop ? Associação dos Municípios do Sudoeste Paranaense.
Energia mais barata
As lideranças acharam interessantes trabalhar o desenvolvimento industrial da região conforme nossas vocações, numa sugestão dada pelo gerente do Senai, unidade Pato Branco, Joel Bortot. Francisco Beltrão ? Alimentação, vestuário; Pato Branco ? Metal-mecânica, vestuário e eletro-eletrônica; Dois Vizinhos ? Alimentação, vestuário e metal-mecânica; Palmas/Clevelândia fortes em madeira e tantos outros exemplos de peculiaridades microrregionais. Também levantou-se a idéia de reivindicar das lideranças estaduais e do mercado financeiro a destinação de linhas de crédito mais acessíveis por setor, conforme peculiaridades de cada região. Havendo interesse em montar uma fábrica de plástico, por exemplo, os créditos mais acessíveis estarão mais disponíveis para quem se instalar num pólo do setor.
Banco Social
Potencial agropecuário
O prefeito eleito de Pato Branco, Roberto Viganó relembrou a história de desenvolvimento regional que teve passagem pelo ciclo da madeira e etapas de desenvolvimento sempre ligadas ao potencial agropecuário. "Temos todas as condições de incrementar a agroindustrialização, aproveitando rebanhos bovinos e a produção agrícola", enfatizou o prefeito. Já o prefeito eleito de Coronel Vivida, Pedro Mezzomo relembrou de iniciativas de sua gestão anterior que buscaram a qualificação profissional no meio rural, inclusive sugerindo a formação de um núcleo de ensino profissionalizante de agroindustrialização em seu município e em outros, conforme vocações existentes.
O presidente da Sinvespar, Edson Luiz Campagnolo liderou a aprovação de outras necessidades ou reivindicações importantes: estudo para identificar o montante de distribuição de investimentos e recursos governamentais em cada mesorregião paranaense; criação de novos cursos profissionalizantes em municípios que tenham demanda por qualificação; novos projetos de desenvolvimento agroindustrial,conforme nossas vocações; busca por sintonizar, ainda mais, o repasse de conteúdos do ensino superior (51 cursos) com as necessidades práticas do segmento industrial, entre outros aspectos.
Segundo dados do Ipardes o Sudoeste possui 1.661 indústrias que representam 5,83% da arrecadação do estado.
Na oportunidade também foram debatidas formas de estímulo ao desenvolvimento regional da indústria. Roberto Pecoits enfatizou que possuímos quatro usinas hidrelétricas e mais duas em projeto de construção. São estruturas que diminuíram ou tendem a reduzir áreas produtivas e gerar migrações. "Como o maior custo no energia elétrica está na transmissão nada mais justo que uma região geradora, como a nossa, reivindique taxas de luz mais acessíveis. Afinal somos produtores e não há tanto custo para transmitir o que produzimos."Cordasso ressaltou a importância do Banco Social e defendeu uma normatização que tenha prevista a inadimplência. "Existe sempre o risco que deve ser computado para que este belo projeto, por alguns que deixam de pagar, não afete empreendedores que tenham necessidade de linhas de crédito desburocratizadas e baratas."