Líder indígena denuncia mortes não notificadas pela Funasa no AM

Manaus (AE) – A sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Atalaia do Norte, a 1.138 quilômetros de Manaus, está ocupada por mais de 50 índios das etnias Kanamari, Kulina, Mayoruna, Matis e Marubo desde sábado (15). A morte de duas crianças, provavelmente vítimas de rotavírus, foi o estopim para a revolta e ocupação da sede. A população indígena do Vale do Javari é de cerca de 3.300 pessoas.

O presidente do Conselho Indígena do Vale do Javari (Civaja), Jorge Marubo, disse que até hoje a coordenação da Funasa em Manaus não enviou representantes para dialogar com os índios. Marubo relata várias mortes por hepatite, malária e rotavírus que não estão sendo notificadas pela Funasa em Atalaia ao Ministério da Saúde há vários meses. "Seria necessária uma intervenção nacional aqui para verificar os problemas", pediu.

A reportagem tentou vários contatos com a Funasa em Manaus, mas não obteve resposta. Há um mês, houve uma troca política: a Funasa no Amazonas saiu das mãos do PT, que havia indicado o ex-coordenador Sebastião Nunes, e foi para o PMDB, com o coordenador Francisco Aires.

"Queremos o fim de indicações políticas de pessoas que nada tenham a ver com as comunidades indígenas, que nada entendem e que nada ouvem", disse Marubo.

De acordo com o coordenador do Civaja, outro motivo da ocupação da sede foi uma indicação política para a coordenação do posto da Funasa de Atalaia do Norte. "O prefeito indicou seu cunhado, um militar aposentado que tem histórico de preconceito contra indígenas", reclamou Marubo.

O prefeito Rosário Conte Gallati Neto (PMDB) não foi encontrado pela reportagem. Marubo contou que o prefeito ameaçou desligar os telefones, a luz elétrica e o fornecimento de água do posto da Funasa para obrigar os indígenas a saírem, além de chamar a Polícia Federal para retirá-los.

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