Líder do PDT pede substituição do relator da CPI do ”mensalão”

Brasília – O líder do PDT na Câmara, deputado Pompeo de Mattos (RS), protocolou hoje (26) requerimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Mensalão solicitando a substituição do deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG) da relatoria da CPI. Abi-Ackel é acusado de ter recebido R$ 100 mil do empresário Marcos Valério para a sua campanha eleitoral à Câmara dos Deputados em 1998 sem ter declarado o valor à Justiça Eleitoral, além de R$ 50 mil em transferência de uma conta da empresa SMP&B para o seu filho Paulo Abi-Ackel.

"As investigações não poderão ter sua relatoria a cargo de um parlamentar sob o qual pesam suspeitas, cujas procedências devem ser justamente avaliadas e definidas pela CPI", afirma Pompeo de Mattos no requerimento.

O vice-presidente da CPI do Mensalão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), disse que Abi-Ackel é quem deve decidir sobre a sua permanência na relatoria da Comissão. Mas ressaltou que, em seu lugar, deixaria o cargo. "Se eu fosse ele, me afastaria. Mas é necessário que primeiro ele tenha oportunidade de se defender. A decisão cabe a ele", ressaltou.

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que a posição de Abi-Ackel na relatoria fica prejudicada diante das denúncias de arrecadação irregular de recursos para a campanha eleitoral. "Ele tem vasta experiência jurídica, é parlamentar experiente, foi acolhido por todos para a CPI. Mas pelo fato de ter tido recursos de campanha nesse episódio que estamos discutindo, que foi feito pelo PSDB e PFL em Minas Gerais nas eleições anteriores, fica prejudicado", ressaltou.

Segundo Mercadante, o próprio deputado vai refletir sobre as denúncias e se sentir impedido de permanecer na relatoria da CPI. "Não há nada que o desabone, continua sendo um grande jurista. Mas é praxe na vida jurídica que o juiz – que no caso é o relator do processo – se sinta impedido quando há qualquer envolvimento pessoal", defendeu Mercadante.

Em nota oficial, o deputado Ibrahim Abi-Ackel disse que não conhece o empresário Marcos Valério. O parlamentar também atribuiu ao setor financeiro da campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ao governo de Minas Gerais, em 1998, a responsabilidade sobre a suposta contribuição financeira da empresa de Marcos Valério. "O depósito da contribuição foi efetuado por ordem do senhor Cláudio Mourão, responsável pelas finanças da referida campanha, através de agência de publicidade sobre a qual, na ocasião, não pesava qualquer suspeita nem tínhamos razão para duvidar da regularidade da sua conduta", afirma o deputado Abi-Ackel.

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