Líder do Hezbollah diz que violência de Israel surpreende

Um dirigente do Hezbollah disse hoje que o grupo não esperava que Israel reagisse de modo tão violento à captura de dois soldados israelenses por sua milícia no dia 12 – fato que deu início ao atual conflito. Mahmud Komati, vice-líder do comitê central, reiterou que o Hezbollah não vai depor as armas, conforme exigem Israel, os EUA e uma resolução da ONU aprovada em 2004.

"A verdade, vou dizer claramente, é que não prevíamos essa resposta, que (Israel) fosse explorar essa operação para lançar esta grande guerra conta nós", disse Komati. Ele acrescentou que o Hezbollah esperava a "resposta costumeira, limitada", de Israel. Em outras ocasiões, a reação israelense incluía breves bombardeios de bases do Hezbollah no sul do Líbano e o envio de comandos de elite à região para capturar militantes do grupo.

Komati também apresentou um saldo maior de baixas do grupo desde o início do conflito: 25, dos quais 17 em combates com soldados israelenses. Horas depois, o grupo elevou o saldo para 27. O comando militar de Israel diz que o Hezbollah informa um número de baixas muito menor do que o real e anunciou a captura, hoje, de um comandante importante do grupo, durante combates perto da fronteira libanesa.

Em Damasco, um membro do comando político do grupo islâmico palestino Hamas, Mohammad Nazal, afirmou que a troca de prisioneiros é a única maneira de Israel obter a libertação de seus três soldados. Dois foram capturados pelo Hezbollah durante invasão ao território israelense, no dia 12, e o outro pela ala militar do Hamas, quando um grupo de militantes cruzou a fronteira de Israel com a Faixa de Gaza, há um mês.

Nazal descartou qualquer possibilidade de ação coordenada entre Hezbollah e Hamas, insistindo que os dois grupos "atuam em áreas geográficas diferentes e cada um tem suas próprias circunstâncias". "O único ponto em comum entre Hamas e Hezbollah é que ambos enfrentam um inimigo que ocupa terras árabes e ambos são um alvo (de Israel) por resistirem à ocupação", afirmou.

Os dois grupos são fundamentalistas islâmicos e combatem Israel, mas na realidade são muito distintos. O Hezbollah é muçulmano xiita e tem forte apoio do Irã, que ajudou a treinar sua milícia. Surgiu nos anos 80 como grupo de resistência à ocupação israelense do Líbano. Já o Hamas é muçulmano sunita, de caráter nacionalista: seu objetivo declarado é criar um Estado islâmico sunita em toda a palestina histórica (o que inclui o atual Israel). Sunitas e xiitas mantêm relações conflituosas. A Al-Qaeda, organização sunita liderada por Osama bin Laden, é inimiga do Hezbollah.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo