Brasília ? O presidente da Cáritas Brasileira e membro da coordenação nacional da Assembléia Popular: Mutirão por um Novo Brasil, dom Demétrio Valentini, disse esperar que a licença ambiental para o início das obras de transposição do Rio São Francisco não seja liberada facilmente. "A questão não está suficientemente debatida. A gente manifesta esperança de que o governo abra o diálogo e que o debate seja feito com competência e com uma representação da população da bacia do são Francisco", disse.
Dom Demétrio Valentini disse ainda que é preciso analisar três pontos de vista da obra: o ecológico, o financeiro e o da racionalidade. "A gente acha uma aventura do governo enveredar por um mega-projeto desses com recursos tão parcos que nós temos e com resultados tão duvidosos."
Para Gilberto Cervinski, da direção nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), é preciso fazer mobilizações para impedir o projeto. "Mega-projetos como esse beneficiam as grandes construtoras e são formas de privatizar a água", disse.
Cervinski citou como exemplo a barragem de Acauã (PB). "Ela foi construída com o mesmo discurso de matar a sede do povo do nordeste. A obra expulsou 1,2 mil famílias e está parada não atendendo ninguém. As famílias estão morando numa favela do lado da obra e não têm mais acesso à água.". Para ele, "quem vai se beneficiar, na prática, não é o povo pobre".
Dom Demétrio Valentini e Gilberto Gervinski participaram hoje (25) de entrevista coletiva sobre a Assembléia Popular. O encontro reunirá até sexta-feira (28) representantes de entidades religiosas, de movimentos sociais e de sindicatos para debater propostas para o País. São esperadas oito mil pessoas no evento.