O consumo e a pesca de peixes da baía de Paranaguá, no litoral do Paraná, estão liberados. A restrição continua valendo apenas para o consumo de sardinha xingó, até que o Centro de Estudos do Mar (CEM), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), revele a causa da mortandade de 100 toneladas da espécie no último dia 30.
A liberação foi decidida ontem, em reunião com representantes de 17 órgãos envolvidos com o caso. Até o momento, o CEM levantou quatro hipóteses para a morte dos peixes.
São elas: doença, toxinas em microalgas, vazamento de produto químico ou descarte de navio pesqueiro. O capitão Edson Ávila, da Defesa Civil do Paraná, afirmou que, por ter sido uma ocorrência pontual, não existe a necessidade de restrição total.
“Foi deferido então que permanecesse apenas a restrição do consumo específico dessa sardinha, até que o laudo seja divulgado”, avaliou. “Diante disso, não se justifica nenhum ato pedindo a restrição”, opinou José Wigineski, superintendente do Ministério da Pesca e Aquicultura no Paraná.
O prefeito de Paranaguá, José Baka Filho, disse ainda que, ao percorrer as áreas notificadas, equipes do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), CEM, Ibama e Polícia Ambiental encontraram cardumes de sardinha xingó.
“As equipes viram oito cardumes de sardinha em frente ao Porto de Paranaguá e mais 17 cardumes na direção da Ilha do Mel. Isso comprova que não há indícios de novas mortes de qualquer espécie. Mas continuaremos investigando”, afirmou.
A liberação do consumo de peixes da baía da Paranaguá fez com que cerca de 1,8 mil pescadores da região voltassem ao mar. “Mesmo com a liberação, eles estão preocupados com as consequências geradas pela polêmica do assunto”, relatou o presidente da Federação das Colônias de Pescadores do Paraná, Edmir Manoel Ferreira.
Clareza
As incertezas geradas pela grande quantidade de hipóteses para a mortandade dos peixes no litoral preocupam o Ministério Público do Paraná (MP-PR). Nesta semana, o órgão apresentou um requerimento à Polícia Federal solicitando a instauração de um inquérito policial para investigação da mortandade.
“Queremos mais clareza nessa situação. Se existe crime. Por se tratar da baía de Paranaguá, encaminhamos esse pedido à Polícia Federal”, disse o promotor de Justiça Sérgio Luiz Cordoni, do MP-PR.
Segundo ele, todos os envolvidos com as análises e laudos serão ouvidos. “O laudo está sempre para sair, mas nunca é divulgado. É por isso que elaboramos o requerimento. Aquele que lançar qualquer informação será ouvido”, pontuou o promotor.