O Líbano oficializou hoje sua exigência para que seja incluída no projeto de resolução acertado no sábado entre França e EUA a exigência de uma retirada imediata das tropas israelenses de seu território. A proposta de emenda foi apresentada hoje pelo embaixador libanês na ONU, Nouhad Mahmud, durante uma reunião de especialistas do Conselho de Segurança. Ele também pediu que a força internacional que será enviada ao sul do Líbano entregue o controle da zona fronteiriça às Forças Armadas libanesas 72 horas após uma trégua.
O presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, disse hoje que o Líbano rejeita o projeto de resolução franco-americano que busca obter o cessar-fogo entre Israel e o grupo xiita Hezbollah. Berri, negociador do Hezbollah, disse que a resolução ignora o plano de sete pontos apresentado pelo governo libanês, pedindo, entre outras coisas, o cessar-fogo imediato, a retirada das forças israelenses e a libertação dos libaneses que estão em prisões de Israel.
Ele também disse que o Líbano pedirá aos países árabes que o apóiem em sua rejeição à resolução franco-americana, que deverá ser votada pelos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU até terça-feira. ?Os países árabes apoiaram o plano adotado pelo governo libanês. Agora pedimos que confirmem esse apoio rejeitando o projeto de resolução acertado entre França e EUA?, disse Berri.
A principal prioridade da França agora é obter o apoio do Líbano e do mundo árabe à resolução, disse hoje o chanceler francês, Philippe Douste-Blazy. O chanceler sírio, Walid Moallen, declarou hoje em Beirute que o plano da França e dos EUA é uma ?receita para continuar a guerra? e acrescentou que as Forças Armadas de seu país receberam ordens de responder a qualquer ataque israelense.
Esta é a primeira visita de Moallen a Beirute desde que a Síria encerrou 29 anos de presença militar no Líbano no ano passado, depois do assassinato do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, em fevereiro de 2005. Uma investigação da ONU implicou vários funcionários do serviço secreto sírio pelo assassinato com um caminhão-bomba. A Síria e o Irã são acusados de armar o Hezbollah. O Irã também qualificou a resolução de injusta e sem possibilidades de resolver a crise no Líbano.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, também desembarcou hoje em Beirute, no momento em que aviões israelenses bombardeavam supostos redutos do Hezbollah no sul da capital. Moussa disse no aeroporto que iria consultar o governo libanês sobre "formas de parar a agressão israelense ao Líbano".
Moussa participará de uma reunião de chanceleres da Liga Árabe a planejada para amanhã em Beirute. Israel, por seu lado, se manifestou favorável à resolução, mas insistiu que o cessar-fogo não permita que o Hezbollah se rearme, disse o porta-voz da chancelaria, Mark Regev. O governo não comentou formalmente a resolução e o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse a seus ministros que não falassem sobre ele até que o documento seja finalizado.
A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, disse hoje que a resolução é um primeiro passo para conter a violência no Oriente Médio, mas disse que ela não resolverá os problemas do Líbano. Segundo Condoleezza, o governo libanês precisa estender sua autoridade ao sul do Líbano e retomar do Hezbollah o controle da região. Ela também disse que a comunidade internacional precisa ajudar no sucesso das forças libanesas nos próximos meses.
O projeto de resolução franco-americano prevê uma segunda resolução em uma ou duas semanas que autorize o envio de uma força internacional à fronteira entre Israel e o Líbano e a criação de uma ampla zona-tampão no sul do Líbano, monitorada pelo Exército libanês e a força internacional.