A reconstrução de moradias e da infra-estrutura do Líbano, destruídas pelos bombardeios israelenses em sua guerra contra o Hezbollah, custará cerca de US$ 3,5 bilhões, e os esforços estão sendo comprometidos pela falta de liderança do governo, denunciou hoje a autoridade libanesa responsável pela reconstrução. Fadel al-Shalaq, presidente do Conselho Libanês para o Desenvolvimento e Reconstrução, afirmou à rede americana CNN que o recente conflito foi "o mais intenso" em termos de devastação desde o início da guerra civil libanesa em 1975.
As áreas mais afetadas, segundo al-Shalaq, foram moradia, tratamento de água, transporte e comunicação. Ele estima que a questão financeira não será a mais complicada, uma vez que já houve substancial comprometimento por parte da Arábia Saudita, Kuwait e um fundo árabe. "O que nos preocupa mais é que a situação política não propicia uma rápida reconstrução", explicou. O governo não tem um plano definido e "acho que temos um vazio de liderança".
Libaneses em geral têm reclamado que o governo, ao contrário do Hezbollah, ainda não tomou a iniciativa de reconstrução e de indenização das vítimas. O Hezbollah organizou rapidamente esforços de reconstrução nas áreas xiitas que foram as mais atingidas pelos bombardeios israelenses e já começou a entregar dinheiro para aqueles que perderam suas casas.
Em Genebra, autoridades da ONU disseram hoje que equipes de ajuda esperam poder recuperar muitos dos prédios danificados no Líbano e pediram às Nações Unidas para enviarem mais suprimentos para reparos temporários e para a restauração de serviços de eletricidade e de fornecimento de água.
Em Aita al-Shaab, uma vila na fronteira com Israel, por exemplo, apenas 100 das 1.300 casas ainda têm condições de receber de volta seus moradores, disse Jack Redden, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). "As demais estão ou totalmente destruídas ou danificadas ao ponto de terem se tornado inabitáveis".
Um comboio de caminhões carregados de barracas estava se dirigindo hoje de Damasco, Síria, para Beirute, acrescentou. Uma equipe da ONU relatou que nas vilas sulistas de Markaba e Houla, os moradores não têm água nem eletricidade, e que estradas, postos de gasolina e postos de saúde foram fortemente danificados.