Liames delicados

O novo ministro-chefe da Secretaria da Comunicação Social, Franklin Martins, assume o cargo sob uma série de circunstâncias, umas favoráveis e outras nem tanto, mas num contexto que acima de quaisquer outros requisitos exige firmeza de atitudes e conhecimento de causa.

Ex-dirigente da Rede Globo em Brasília, Franklin conhece como poucos profissionais do jornalismo o ambiente rarefeito das relações entre a máquina governamental e os órgãos de imprensa, vivenciando ao longo de sua carreira as sucessivas fases de proximidade ou esgarçamento desses delicados liames.

A missão conferida ao jornalista pelo presidente Lula, que o considera ?mais político que qualquer um de nós? (referindo-se a si mesmo e aos ministros), congregará a atuação até aqui realizada em canais separados pelo eficiente porta-voz André Singer, que cuidou da área de informação, e pelo ?secretário do papa?, como se referiu o presidente ao ministro Luiz Dulci, encarregado da área da propaganda.

Antes de assumir, Franklin já havia revelado que as duas atividades passariam a seu comando, mas em guichês separados, a fim de suprimir o perigo das contaminações que tantos males causaram ao governo anterior.

Para o bom entendedor, o novo ministro afirmou que cada atividade seguirá seu curso normal, banida a perniciosa hipótese de privilegiar ou alinhar veículos simpáticos, tanto pela informação exclusiva quanto pela farta distribuição de verbas publicitárias.

De resto, o ministro tem como item prioritário o desenvolvimento do projeto da nova TV pública, recebida com visível desconfiança pela opinião especializada devido ao desalinhado anúncio feito pelo ministro Hélio Costa. Franklin revelou que o projeto está em aberto e deverá, primeiramente, ser discutido com a sociedade.

Não se trata, absolutamente, de constituir uma rede pública de televisão para subordiná-la aos interesses do governo, marcando-a com o signo antipático da chapa-branca. Franklin lembrou experiências bem-sucedidas em vários países do mundo em que redes públicas jamais aceitaram a condição submissa de serviçais do poder.

No setor aviltado pela ação deletéria de ensandecidos líderes do governo e do PT, o presidente colocou um profissional talentoso e com experiência para evitar danos à sua integridade pessoal.

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