A Polícia Federal garante possuir elementos suficientes para pedir a prisão preventiva, por 30 dias, das 25 pessoas já presas em Brasília, acusadas de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis que opera no Rio de Janeiro, o mais recente escândalo da vida republicana.
Além da cúpula do jogo do bicho no Rio, que controla a exploração ilegal de caça-níqueis, há desembargadores, juízes federais, delegados e advogados, em fase de oitiva na Polícia Federal.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, mesmo tendo o cuidado de não citar nomes, afirmou que não haveria surpresa se viessem à baila indícios do envolvimento de políticos com a máfia dos caça-níqueis. Uma braçada a mais de lenha numa fogueira que ainda não chegou ao clímax.
Na esteira da declaração, logo passaram a ser pronunciados os nomes dos deputados federais Simão Sessin (PP-RJ) e Marina Maggessi (PPS-RJ), que, de fato, constam da relação de doações eleitorais do bicheiro Ailton Guimarães, um dos presos.
O superintendente da PF, Paulo Lacerda, negou a existência de indícios concretos de envolvimento dos parlamentares com a contravenção, mas o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), determinou à corregedoria da Casa a ampla averiguação dos fatos.
A faceta mais perturbadora suscitada pela Operação Furacão afeta o ministro Paulo Medina, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), irmão do advogado Virgílio Medina, também preso. Há alguns meses, o ministro teria concedido liminar liberando 900 máquinas caça-níqueis em Niterói, segundo a PF, em troca de R$ 1 milhão.
Os desembargadores e juízes federais encarcerados em Brasília, segundo conversas telefônicas gravadas com autorização da Justiça, deixaram transparecer uma permissiva promiscuidade com a contravenção, alguns deles exigindo que sua parte fosse paga em dinheiro vivo.
Chocados pelo grau de sordidez da urdidura do crime com o aparato legal, os cidadãos de bem não ficarão de braços cruzados diante de tamanho achincalhe.