Há 49 dias no comando do maior Estado do País, dos quais os últimos 7 passou administrando a pior crise na área da segurança da história de São Paulo, o governador Cláudio Lembo (PFL) fez um desabafo público ontem, negou a saída do secretário Nagashi Furukawa, da Administração Penitenciária, e recebeu o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

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Lembo disse que não vê a hora de deixar o governo. A declaração foi feita durante um discurso em evento com o prefeito Gilberto Kassab na sede do governo estadual. Já no fim do pronunciamento, Lembo afirmou: "Vamos trabalhar juntos, Prefeitura e Estado nesses oito meses que restam de governo, graças a Deus."

Surpresa, a platéia, formada por professores e assessores das administrações municipal e estadual, riu. O governador respirou fundo e repetiu: "Graças a Deus."

Lembo disse que o desabafo se deve aos dias difíceis que tem passado à frente do governo com essa onda de atentados patrocinados pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que expôs de forma escancarada o calcanhar de Aquiles do governo do Estado e a sua fragilidade da luta contra o crime organizado. "É uma honra governar São Paulo, mas você há de admitir que essa honra me teve um custo emocional muito grande", comentou. "Foi difícil. Eu não esperava."

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Lembo está contando os dias para entregar o governo ao sucessor. Daí o apelo a Deus. "Deus há de me ajudar que o tempo passe depressa", disse aos repórteres num tom bem-humorado.

O governador negou, porém, que estivesse querendo fugir dos problemas de São Paulo. "Não. Ao contrário. Sou um homem de coragem." Também evitou culpar a herança de seu antecessor, Geraldo Alckmin (PSDB), pelas noites mal dormidas desde sexta-feira passada. "Não culpo a herança, mas a realidade social brasileira.

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Aos 71 anos, o governador disse ainda que não pretende mais exercer um cargo público. "Acho que na minha idade o melhor lugar é a caminho do cemitério", brincou

Dois dias depois de prometer a divulgação dos nomes dos 107 mortos suspeitos de participação nos ataques, o governo agora prefere não falar em prazos. Ontem, o governador afirmou que a lista somente será divulgada quando os inquéritos policiais para apurar cada um dos casos forem instaurados. "Queremos fazer o mais depressa possível, mas temos de respeitar a estrutura burocrática e legal. Eu não posso violar a lei e dizer ‘Faça rápido’.