Quase metade do leite produzido em quatro regiões leiteiras – Viçosa (MG), Londrina (PR), Pelotas (RS) e Botucatu (RS) – está fora dos padrões estabelecidos pela Instrução Normativa 51, do Ministério da Saúde, que estabelece padrão de qualidade do produto. É o que revela a pesquisa realizada com 210 amostras de leite cru coletadas em diferentes propriedades das quatro regiões. Conforme a pesquisa, 48,57% das amostras analisadas estavam em desacordo com a Instrução Normativa.
?Os valores apresentados pela pesquisa são elevados, indicando que a qualidade do leite nas regiões estudadas precisa melhorar?, apontou a professora Lúcia Helena da Silva Miglioranza, do programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos da Universidade Estadual de Londrina (UEL). ?O resultado reflete a realidade no setor de laticínios.?
Conforme a pesquisa, 47,6% das amostras de leite da região de Londrina estavam fora do padrão. Em Botucatu, o índice era maior, 68%, seguido por Pelotas, com 56%. O menor índice foi verificado na região de Viçosa, com 21,3% das amostras em desacordo. Os principais problemas identificados diziam respeito à refrigeração inadequada, à contagem de aeróbios mesófilos superior à permitida, e à falta de padronização na conservação e no transporte do leite.
Todas as propriedades, onde foram colhidas as amostras de leite, foram classificadas como pequenas e médias e apresentavam produção destinada basicamente a beneficiamento de leite pasteurizado (tipo C), esterilizado (UHT) e derivados, além de comércio informal.
Reduzindo
De acordo com a professora, para reduzir os índices de desacordo, é preciso melhorar a higiene na ordenha, a armazenagem e o transporte refrigerado. ?Elevadas contagens de microorganismos no leite cru indicam falhas de higiene na sua obtenção, armazenamento e transporte?, observou. ?Normalmente, essas contagens elevadas causam prejuízos aos produtores e aos estabelecimentos que processam esse leite, e as falhas de higiene favorecem também a multiplicação de bactérias que causam doenças nos consumidores?, disse. Ela salientou ainda que quando o leite não for pasteurizado, deve-se ferver antes de ser consumido. ?Assim, matamos todas as bactérias – patogênicas, benéficas, deterioradoras, tanto faz -, e o risco de doença é eliminado.?
Lúcia Helena lembrou ainda que a ingestão de leite cru é um risco à saúde, porque, ?se houver qualquer microorganismo patogênico, esse pode vir a causar doença em quem o ingere e, dependendo do indivíduo, ou do tipo de microorganismo, pode levar a óbito.?
Instrução Normativa
Dentre as modificações preconizadas pela IN51 está a comercialização de leites pasteurizados tipos A e B com diferentes porcentagens de gordura (integral, padronizado, semidesnatado e desnatado), visando atender a um mercado consumidor cada vez mais crescente.
Outra alteração diz respeito ao leite tipo C; até então, o leite cru destinado ao beneficiamento desse tipo de leite pasteurizado não possuía parâmetros microbiológicos específicos. De acordo com as novas normas, esse leite deve ser refrigerado já na propriedade e possuir uma contagem de aeróbios mesófilos específica.
Outra importante norma descrita na IN51 é a regulamentação de conservação, coleta e transporte de leite cru refrigerado, independentemente do tipo, que deve ser feito a granel. As metas que constam na IN51 devem ser atingidas em prazos diferenciados dependendo da região do País.