Lei do gás cria atrito entre senador e diretor da Petrobras

Apesar de nem ter sido votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o projeto de lei do senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) que cria leis específicas para o setor de gás natural causou constrangimento entre Tourinho e o diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer. O dois chegaram a discutir por causa das divergências.

Tourinho queixou-se das críticas que Sauer fez ao projeto, horas antes, à imprensa, na porta da CCJ, depois de a votação do projeto ter sido adiada pela terceira semana seguida. Sauer chegou a dizer que, se o projeto for aprovado como está, a Petrobras poderia ter de reavaliar seus planos de investimentos no setor, estimados em US$ 16 bilhões até 2010.

O senador ficou mais irritado com a declaração de Sauer de que um dos pontos do projeto – a criação do Operador Nacional do Gás Natural (Ongás) – seria uma "excrescência". "O Ongás é uma excrescência, uma tentativa de expropriação dos ativos e intervenção na operação. Isso não existe em nenhum lugar do mundo, exceto em um experimento pequeno na Inglaterra", disse Sauer a respeito do órgão que, pela proposta de Tourinho, teria a função de coordenar as operações de transporte e armazenagem do gás natural.

Depois, no encontro acidental no Salão Azul, presenciado pela Agência Estado, Tourinho disse várias vezes ao diretor que o termo "excrescência" não era apropriado. Sauer, constrangido, expôs seus argumentos e evitou acirrar a discussão. O diretor chegou a propor a Tourinho uma reunião terça-feira para tratar do tema.

Tourinho ainda foi se queixar da Tribuna do Senado. "Podemos divergir, mas a questão é a forma de se colocar os argumentos. Não se pode tentar desmoralizar", disse ele, garantindo que a discussão não vai atrapalhar a negociação com o governo sobre o projeto.

Ontem, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, foi ao gabinete do senador expor suas preocupações acerca do projeto, que disse estar aberto a eventuais modificações no texto.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Romero Oliveira da Silva, criticou o governo pela falta de diretrizes no setor.Segundo ele, todos os projetos relevantes estão sob controle da Petrobras.

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