Lavouras de soja orgânica do RS são contaminadas por transgênicos

Agricultores do Rio Grande do Sul estão sentindo os efeitos da transgenia mesmo sem terem optado pelo plantio de sementes geneticamente modificadas. A notícia, veiculada pela TV Paraná Educativa nesta quarta-feira (22), mostrou que pequenos agricultores da região de Sarandi, perto de Passo Fundo, tiveram que acabar com lavouras de soja orgânica por causa da contaminação com a soja transgênica, optando pelo plantio convencional.

A região produz 160 mil sacas de soja por safra. Há quatro anos, a Cooperativa Agrícola Nova Sarandi, ligada ao MST, implantou o sistema de lavoura ecológica, plantando soja orgânica. Mas há dois anos os agricultores foram vencidos pela transgenia por causa da contaminação das lavouras, um retrocesso dentro de um programa de defesa ambiental.

Segundo o Cooperativa, havia sido traçada uma estratégia para a produção de alimentos livres de contaminação. Os cooperados seguem plantando soja convencional, já que conhecem a origem das sementes e sua qualidade, mas acabaram sofrendo um grande prejuízo, uma vez que o preço pago pela soja orgânica é significativamente maior do o obtido pela convencional. Além disso, mesmo a convencional está sendo contaminada pelas lavouras transgênicas.

Antes da contaminação, eram 68 famílias que plantavam a soja orgânica sem o uso de defensivos agrícolas. Hoje, apenas 98 hectares estão livres da transgenia e 13 famílias ainda resistem plantando a soja convencional. Valdeci Santa Catarina é um deles. Ele afirma que pretende resistir enquanto for possível. "Para nós hoje ainda é mais vantagem seguir no convencional. A gente produz a nossa própria semente".

Para os assentados e pequenos produtores a invasão da soja transgênica significa uma etapa nova na lavoura, que eles não estão dispostos a enfrentar. "Tenho certeza de que daqui a cinco anos nós vamos ficar todos nas mãos das multinacionais, como a Monsanto, que tem o monopólio da semente e do da produção dos venenos. E daí acabou a autonomia do agricultor e ninguém mais vai poder ter semente própria. Onde é que fica o mínimo direito do cidadão de plantar porque ele quer plantar?", questionou

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