Levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o crime organizado movimenta US$ 2 trilhões ao ano no mundo, dos quais, US$ 1,3 trilhão ingressam no sistema financeiro para fins de lavagem. Os países industrializados, sobretudo os Estados Unidos, lideram o ranking em volume de dinheiro. Mas o Brasil, conforme a mesma estimativa tem uma participação importante nesse mercado sujo, entre 2% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB), o que projeta uma quantia entre US$ 10 bilhões e US$ 25 bilhões. Metade desse total provém da corrupção e o restante, de crimes como o tráfico de drogas e de armas e o contrabando.

Os dados foram revelados pelo representante da ONU no Brasil e no Cone Sul, Giovanni Quaglia, que veio participar do Encontro Internacional de Combate à Lavagem de Dinheiro e Recuperação de Ativos, aberto hoje (1) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O evento tem por objetivo discutir meios para reforçar no País a blindagem contra o crime organizado. Ele considerou corretas as providências que o Brasil vem adotando para prevenir e combater o crime organizado. “A recomendação número um da ONU é justamente o que o Brasil está fazendo: uma boa coordenação institucional”, disse.

Segundo Quaglia, a corrupção causa uma sangria grande nas reservas de países em desenvolvimento, como o Brasil e afetam o crescimento da economia. No caso brasileiro, conforme o dirigente, os danos econômicos causados pelo crime estão mais para 5% do que para 2% do PIB. “Há um consenso na comunidade internacional de que, para um país se desenvolver, precisa combater o crime organizado de todas as formas, porque ele tem impacto direto sobre o desenvolvimento econômico e social.

A ONU, conforme informou Quaglia, aprovou resolução que determina a abolição do sigilo bancário, para efeito de investigações criminais e o fim dos paraísos fiscais. O dirigente lembrou que países membros têm o dever de implementar as medidas. Mas reconheceu que, em países democráticos, como o Brasil, o processo é mais complexo porque a sociedade precisa ser ouvida e os direitos individuais respeitados. “O processo está avançando em todo o mundo, mas é um trabalho a médio e longo prazos. Ao final, encontraremos o equilíbrio”, afirmou.
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