O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou ontem números estarrecedores. Segundo o estudo, são mais de 34 milhões de brasileiros vivendo em áreas urbanas sem acesso à coleta de esgoto. Representam 27% do total da população que mora nas cidades e este número ainda representa uma melhora em relação à última pesquisa.
Pela obra ser subterrânea, o esgoto fica à margem dos planos dos gestores públicos. Mas, com saneamento básico de qualidade, muitos problemas urbanos poderiam ser evitados.
Primeiro, a poluição dos rios que cortam as cidades. Sem esgoto ou com o chamado esgoto A céu aberto, a população tem apenas os rios como depósito do lixo residencial, seja ele provinda da alimentação ou das fossas sanitárias. Não há rio, riacho ou coisa que o valha que resista.
No mesmo caminho, a coleta de lixo torna-se um trabalho ainda mais complicado. As cidades estão com seus aterros lotados, lutando para encontrar outros locais que tenham condições de receber o lixo. Além disso, o acúmulo de sujeira faz com que o trabalho de limpeza urbana demore mais para ser completado quando isso acontece.
Poluição nos rios e sujeira nas ruas são dois fatores preponderantes no aumento das doenças, principalmente as que afetam as crianças. O contato com os detritos facilita a proliferação de moléstias e o mau cheiro e as impurezas atraem insetos e aves que transmitem doenças. E a saúde pública, já tão atrasada e falida, tem mais trabalho.
Cada ponto citado acima ?contribui? para o colapso urbano. É como se fosse um jogo de dominó, em que cada peça derrubada faria outra cair, e assim sucessivamente.
Portanto, melhorar o saneamento é tarefa obrigatória para prefeitos, governadores e para o presidente da República.
Não há maiores ou menores, todos são totalmente responsáveis. Sem melhoria da coleta de esgoto, os milhões de investimento na despoluição dos rios, na construção de aterros sanitários e em saúde pode ir literalmente pelo ralo.