Os hackers invadiram as lan houses do Estado de São Paulo. Os locais – são 12 mil no Estado – se transformaram em ponto de ação fixos do crime organizado, disseminado em quadrilhas especializadas. Nas lans, segundo o próprio sindicato da categoria, os criminosos cibernéticos roubam a senha bancária e endereço do internauta. Depois, vendem as informações em leilões virtuais. As senhas viraram moeda de troca na internet. A polícia admite as falhas na captura desses bandidos, e alega falta de legislação específica ao combate desse crime.
A ausência de controle de identificação dos usuários desses estabelecimentos deixou em alerta os proprietários das lan houses. "Temos de admitir que pode ser perigoso mandar currículos e fazer transações bancárias nesses locais. Um hacker pode estar ao lado da vítima", diz o presidente do sindicato, Laércio Santos.
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os investimentos das instituições bancárias em segurança para evitar a ação dos hackers são cerca de US$ 1,2 bilhão por ano. No entanto, eles pouco impediram a atuação indiscriminada dos ladrões.
Em 2004, foram registradas 327 mil fraudes na internet, mas o número de operações realizadas pelos usuários chegou a 23 bilhões. Nos primeiros nove meses de 2005, o volume acumulado de fraudes pela internet saltou 688%, comparado a igual período do ano anterior.
O pesquisador Marcelo Lau, do Núcleo de Ciência Forense da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) explica como os hackers proliferam seus "trabalhos". Primeiro, eles enviam mensagens por e-mail. São falsos avisos de dívidas, cartões apaixonados, denúncias de traição e até programas para proteção do computador. "Não importa como é a abordagem, os hackers sabem atrair o internauta. Eles instigam o usuário a clicarem nos links", explica.
Ao abrir essas janelas, automaticamente os bandidos passam a acompanhar as ações do internauta, como transações bancárias. Em pouco tempo, o bandido virtual já tem o nome, RG, CPF, endereço e senha do banco do internauta. Com essas informações, partem para a segunda parte do plano. Entram em salas de bate-papo específicas e negociam a privacidade da vítima. "Nas lan houses, o bandido troca a senha roubada por dinheiro, programas ilegais de computador, número de contas bancárias e de cartões de crédito. Depois, o comprador faz transferências de dinheiro, pagamento de despesas e compras", conta Lau.
A vítima só fica sabendo que caiu no golpe ao conferir o extrato bancário. Nesse momento, ao saber que mordeu a isca do criminoso, a primeira medida é registrar um Boletim de Ocorrência. Em seguida, o internauta deve seguir a sua agência bancária. Segundo a Febraban, em mais de 95% dos casos, os bancos reembolsam em poucos dias os clientes lesados.