Lagarta Lonomia já provocou seis acidentes este ano no Paraná

O número de casos de acidentes com a lagarta Lonomia no Paraná está aumentando neste início de ano. Só nos quinze primeiros dias do mês de janeiro, a Secretaria de Estado da Saúde recebeu notificação sobre a ocorrência de seis acidentes, nos municípios de Rio Negro, Pato Branco (dois casos), Laranjeiras do Sul, Guaraniaçu e Barracão. "O município de Rio Negro é o que inspira maior cuidado, porque outro caso já foi notificado em dezembro do ano passado", alerta Gisélia Rúbio, chefe do setor de Zoonoses da Secretaria da Saúde.

Um acidente com a Lonomia, uma lagarta que possui aproximadamente 6 centímetros de comprimento, pode levar uma pessoa à morte em até quatro dias, se o acidentado não procurar atendimento médico. Ela tem o corpo revestido de espinhos, como se fosse um pinheiro. Esses espinhos contêm uma toxina que pode impedir a coagulação do sangue, provocando uma hemorragia.

Em 2004, foram registrados 25 casos de pessoas acidentadas, com uma morte em Tijucas do Sul. Até então, a última morte notificada havia sido registrada no município de Vitorino, em 1998. Em 2003, 14 pessoas se acidentaram. "Não existe um motivo concreto para explicar o aumento do número de casos. A população precisa reconhecer a lagarta e evitar o contato com ela", observou Gisélia Rúbio.

A Secretaria da Saúde vem monitorando a ocorrência da lagarta Lonomia em todo o Paraná desde 1989, mediante coletas periódicas feitas pelas equipes de vigilância dos municípios. A maior incidência dessa lagarta ocorre nos meses quentes da primavera e do verão, principalmente no ambiente rural e eventualmente nas áreas urbanas.

No ano passado, a Secretaria Estadual da Saúde recebeu 50 caixas contendo cerca de 1.500 lagartas para estudo. Os animais foram em seguida enviados para o Instituto Butantã, em São Paulo, para a utilização das lagartas na produção de antídotos contra o veneno e também para a Universidade Federal do Paraná para a realização de estudos bioquímicos do veneno.

Cuidados

"O Ministério da Saúde vem alertando as regiões que nunca indicaram a presença do inseto para que tenham um cuidado maior", indicou Gisélia Rúbio. "Devido ao desconhecimento tanto dos moradores como dos serviços médicos, é nelas que estão ocorrendo os acidentes mais graves," acrescentou. No Brasil, os Estados que registram esses acidentes com mais freqüência são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e alguns Estados da Amazônia. No ano passado verificaram-se acidentes em Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais e no Nordeste.

"Também no Paraná as pessoas têm de estar mais atentas, pois a Lonomia pode estar presente em qualquer município do Estado. As comunidades precisam aprender a conhecê-la, para evitar possíveis acidentes", explicou Gisélia. "É importante olhar as folhas e troncos de árvores com atenção, verificando se há folhas roídas, casulos ou pupas e fezes de lagartas. Além disso, é preciso usar sempre luvas na manipulação de troncos, árvores frutíferas ou em atividades de jardinagem", avisou a chefe do setor de Zoonoses da Secretaria da Saúde.

A lagarta Lonomia vive em grupos de até centenas de lagartas e sua coloração é em geral marrom-claro esverdeada ou marrom amarelada, com três listras de cor castanho escura. A alimentação preferida do inseto, que ocorre à noite, são folhas de árvores silvestres e algumas frutíferas como pessegueiro, ameixeira, abacateiro, goiabeira e macieira.

"É preciso tomar cuidado, pois, quando estão em grupo, as lagartas podem ser confundidas facilmente com o tronco", alertou Gisélia. Ela também esclareceu que os insetos ficam normalmente nas partes mais baixas das árvores. Este fato é apontado como a causa principal de acidentes.

Se alguma lagarta for encontrada, pode ser levada em um recipiente para o Serviço de Vigilância Sanitária ou o Centro de Zoonoses para identificação.

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