A Justiça Federal começou a ouvir nesta segunda-feira (30) mais 21 pessoas denunciadas por participação direta ou indireta no furto milionário ao Banco Central de Fortaleza, no ano passado. A tomada dos depoimentos pelo juiz Danilo Fontenelle Sampaio, da 11ª Vara, prossegue amanhã e nos dias seis e sete de dezembro. Por questão de segurança, o acesso da imprensa ao local da audiência não foi permitido, devido "ao alto grau de periculosidade dos acusados", segundo a assessoria de comunicação.
Pela manhã, foram ouvidos Marcilene Alves Delmiro, Luiz Eduardo Moura Mota e Sandra Cristina Gadelha. Os três respondem em liberdade e foram denunciados pelo Ministério Público Federal por terem ligação com a casa de Potengi, no Rio Grande do Norte, onde três crianças acharam R$ 418 mil em julho. De acordo com a Polícia Federal, o montante – que estava escondido numa caixa de isopor sob o piso de um dos cômodos do imóvel – é parte dos R$ 164,7 milhões furtados do BC em agosto de 2005.
À tarde, foram ouvidos Adelino Angelim de Sousa Neto, o "Amarelo", ex-flanelinha que ajudava a quadrilha a lavar o dinheiro comprando imóveis e carros, Lucivaldo Laurindo e Jean Ricardo Galian, o "Jean Gordo". Os dois últimos foram presos em setembro pela PF durante a Operação Facção Toupeira, quando cavavam um túnel que daria acesso a dois bancos em Porto Alegre.
Líder
Amanhã, serão interrogados Raimundo Pereira de Sousa, Amarildo Dias da Rocha e Ricardo Laurindo da Costa. O depoimento mais esperado está marcado para seis de dezembro: é o de Raimundo Laurindo Barbosa Neto, o "Neto Laurindo", preso na Parnaíba (PI) também em setembro, durante a Operação Facção Toupeira.
Neto Laurindo é apontado como um dos principais líderes da quadrilha e, de acordo com a PF, foi um dos homens que entraram no cofre do BC na noite de cinco para seis de agosto do ano passado, usando um túnel que partiu de uma falsa empresa.
Após a Operação Toupeira, o MPF denunciou mais 23 pessoas por participação direta ou indireta no furto milionário ao BC. Boa parte pertence à família Laurindo, natural de Boa Viagem (CE), a 230 quilômetros de Fortaleza. De acordo com o MPF, todos estariam se beneficiando do dinheiro levado do BC, adquirindo bens móveis (carros de luxo) e imóveis (fazendas, casas e empresas).