Justiça nega habeas-corpus para oito envolvidos na Operação Furacão

Rio de Janeiro – O juiz Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2a Região, negou hoje (3) oito pedidos de habeas-corpus para soltar envolvidos na Operação Furacão. Ele também negou o pedido de permanência deles no estado do Rio de Janeiro e confirmou a transferência do grupo para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS). A remoção vai acontecer assim que terminem os depoimentos, a partir da próxima segunda-feira (7).

O juiz negou o habeas-corpus para Ana Cláudia do Espírito Santo, Jaime Garcia Dias, Licino Soares de Bastos, Luiz Paulo Dias de Matos, Nagib Sauid, Paulo Roberto Ferreira Lino, Silvério Nery Cabral Júnior e Virgílio de Oliveira Medina.

Com a decisão de hoje, aumentam as chances do grupo ficar preso fora do Rio de Janeiro, pois os próximos recursos terão de ser feitos diretamente ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.

O juiz Abel Gomes destacou, em sua decisão, que o esquema desbaratado com a Operação Furacão garantia grandes lucros aos envolvidos e com forte poder de corrupção e que os réus poderiam ameaçar a ordem pública.

O advogado de Paulo Lino, presidente da Associação de Bingos do Estado do Rio de Janeiro, David Zangirolami, discordou da decisão do TRF, afirmando que não era surpresa e que vai recorrer ao STJ. ?Aquela penitenciária [Campo Grande] é dedicada a presos de alta periculosidade, o que não se coaduna com nenhum dos presos que estão aqui. A manutenção deles no Rio é mais econômica para o poder judiciário e possibilita que a ampla defesa seja exercida?, argumentou Zangirolami.

E nesta quinta-feira, mais três envolvidos foram ouvidos na Sexta Vara Criminal Federal do Rio. As duas primeiras audiências não duraram mais do que 10 minutos. Os advogados Evandro da Fonseca e Silvério Nery Cabral Júnior, acusados de participar do esquema de compra de sentenças judiciais para beneficiar bingos e liberar máquinas caça-níqueis, se recusaram a falar. Os advogados argumentaram que não conheciam as gravações telefônicas feitas pela polícia em que aparecem, segundo o MPF, intermediando a compra de sentenças judiciais. Silvério é genro do ex-vice-presidente do TRF 2a Região, desembargador José Eduardo Carreira Alvim, que foi preso, mas depois conseguiu a liberdade por ter foro privilegiado.

Já o depoimento do advogado Sérgio Luzio Marques de Araújo levou mais de três horas. Ele é apontado pela denúncia do Ministério Público Federal como intermediador de propinas dos donos de bingos para policiais, juízes e até para o desembargador Carreira Alvim, a quem teria pago R$ 150 mil para liberação de máquinas caça-níqueis. Mas segundo o advogado José Carlos Tortima, Sérgio Luzio nunca teve contato com o desembargador e o dinheiro seria apenas pagamento de seus serviços advocatícios.

?Aquilo ali era uma divisão de honorários, R$ 300 mil para serem rachados entre advogados e pela causa. Não se cogitou naquela diálogo [gravado pela Polícia Federal] de ministro, desembargador ou juiz. Há muita fantasia nesta história toda?, sustentou Tortima.

Nesta sexta-feira (4) mais três envolvidos serão ouvidos: Virgílio Medina (irmão do ministro do STJ Paulo Medina), Luiz Paulo Dias de Mattos e Nagib Sauid.

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