O Tribunal Eleitoral Federal do México anunciou que vai se reunir amanhã (05) para tomar uma decisão sobre a conturbada eleição presidencial de 2 de julho. A Corte deve sacramentar o presidente eleito ou anular a votação. Eleitores de Andrés Manuel López Obrador, da Convenção Nacional Democrática, têm realizado diversos acampamentos no coração da Cidade do México desde 30 de julho para protestar contra a versão oficial dos resultados, que deu ao candidato governista Felipe Calderón uma vantagem de 244 mil votos.
No mês passado, uma recontagem parcial supervisionada por sete juízes reduziu a vantagem de Calderón para apenas 4 mil votos. López Obrador argumentou que fraudes e artifícios escusos tiraram a Presidência de suas mãos e afirmou que jamais reconhecerá a vitória de Calderón, defendendo que vai se declarar um presidente alternativo.
Com a probabilidade de o tribunal confirmar Calderón como presidente, Obrador ampliou seu protesto. O líder de sua campanha, Jesús Ortega, afirmou que a bancada que apóia o candidato esquerdista no Congresso não permitirá que Calderón seja juramentado no cargo em 1 de dezembro. Ruben Aguilar, porta-voz do presidente Vicente Fox, disse que o governo deve tomar medidas para garantir que seu sucessor preste juramento sem problemas.
O porta-voz não forneceu mais detalhes sobre os planos do governo, afirmando apenas que "jamais" será permitido que os parlamentares de oposição interrompam a cerimônia, assim como ocorreu na sexta-feira, quando eles impediram que Fox fizesse seu pronunciamento à nação. Parlamentares de esquerda assumiram o controle no Congresso, forçando Fox a abandonar seu pronunciamento e a entregar um relatório por escrito.
López Obrador convocou uma manifestação em massa para 16 de setembro na praça central da capital. A data coincide com o desfile anual do Dia da Independência. O ex-prefeito da Cidade do México, que se autodenomina como salvador dos pobres, pretende realizar uma "convenção democrática" no dia, declarando seu governo paralelo.
Reiterando que o México é governado por uma pequena elite, López Obrador afirmou que os delegados reunidos na convenção devem decidir se convocarão uma assembléia para elaborar um esboço de uma nova Constituição para o México. A atual Constituição foi redigida em 1917. "A proposta é que as instituições sejam, efetivamente, feitas por pessoas e para as pessoas", declarou.