Justiça dá três dias a sem-terra para deixar fazenda no Noroeste do Paraná

As 800 famílias de sem-terra do acampamento Quilombo do Palmares, na fazenda Santa Terezinha, em Paranapoema, região Noroeste do Paraná, têm prazo de três dias para retirar todos os pertences e desocupar a área. Ontem (11), cerca de 1.500 policiais estiveram no local para cumprir decisão judicial de reintegração de posse da área.

Os sem-terra resistiram e só concordaram em sair após um acordo com a Secretaria de Segurança Pública de que teriam prazo e do compromisso assumido pelo superintende do Instituto Nacional de Colonização e reforma Agrária (Incra) do Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, de encontrar outro local para assentá-los no prazo de 90 dias.

A área, segundo o chefe da divisão técnica do Incra, Nilton Bezerra Guedes, já tinha sido vistoriada e considerada "grande propriedade produtiva". Os 570,8 hectares da fazenda faziam parte dos lotes que o Incra tem interesse em comprar na região para agilizar a reforma agrária no estado.

Segundo Jaques Pellenz, da coordenação do MST na região, 200 policiais permaneciam na manhã de hoje na fazenda acompanhado a movimentação. Cerca de 2.500 pessoas estão se mudando para a área comunitária do assentamento "Mãe de Deus" , localizado nas proximidades da fazenda. Eles usam ônibus e caminhões disponibilizados pela Secretaria de Segurança Pública.

Pellens acrescentou que também influenciou na decisão de desocupar a fazenda a permissão dada pelos proprietários para colher toda a plantação de mandioca, legumes e verduras.

Outra alternativa seria o pagamento de uma indenização compatível com a plantação. Segundo Pellens, na terra que antes só tinha pasto os trabalhadores produziram em 2004 mais de 70 mil arrobas de algodão, 10 mil sacas de feijão e 5.000 sacas de milho. Os acampados ainda produziam queijos e doces e tinham criação de bovinos, suínos e aves.

O acampamento Quilombo dos Palmares foi montado há três anos. Segundo o Incra, a fazenda pertence ao espólio (proprietário provisório) de Mikio Maehara.

No acampamento, foi construída uma escola itinerante, onde cerca de 200 crianças cursavam o ensino fundamental (1ª a 4ª série). A escola é vinculada ao governo do estado, através do programa Educação do Campo. No acampamento também funcionavam duas turmas de alfabetização de jovens e adultos com cerca de 40 alunos, além de uma creche que atendia 50 crianças por período.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo