A médica Bárbara Leão Martins, que perdeu na tragédia a filha Luíza, de 12 anos, foi a segunda a assinar a ordem de pagamento judicial. “Estou assinando a sentença da minha filha”, afirmou, sem conseguir conter as lágrimas. Bárbara disse que se sente uma perdedora. “Vitoriosa eu era antes, quando tinha minha filha. Eu havia prometido a ela que jamais receberia esse dinheiro. É um dinheiro sujo, e eu não consigo deixar de sentir que estou me igualando ao assassino dela”.
A presidente da Associação das Vítimas do Palace 2, Rauliete Barbosa Guedes, a primeira a receber o documento bancário, disse que se sentia com o dever cumprido. “Eu passei pela dor, o sofrimento, perdemos tudo. Foi uma luta difícil, mas eu não podia deixar esse indivíduo (Naya) passar impunemente. Nunca desacreditei da Justiça. Desacreditei de alguns homens, mas não da instituição”, disse, numa referência velada ao juiz Alexander Macedo, que liberou parte dos bens de Sérgio Naya sem o conhecimento do Ministério Público e da associação.
As primeiras vítimas ligadas à associação foram indenizadas por decisão do juiz interino da 4.ª Vara Empresarial Luiz Felipe Salomão. Um acordo entre a associação e o MP permitiu que os R$ 9,4 milhões fossem rateados entre 82 famílias e os advogados das vítimas.
Somente 10 receberam hoje suas indenizações porque não foi possível preparar todas as ordens de pagamento a tempo. As 72 famílias restantes receberão o documento segunda-feira. Das 176 famílias que viviam no Palace 2, cerca de 30 fizeram acordo com o ex-deputado. Duas foram indenizadas enquanto Macedo esteve à frente da 4.ª Vara Empresarial. No próximo mês, a Justiça leiloará o Hotel Saint Peter, em Brasília, e um terreno na Barra da Tijuca. Estima-se que o valor seja suficiente para liqüidar com as dívidas do ex-deputado
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