Um dos maiores golpes já aplicados no País começará a ser julgado na terça-feira (09) pela 10.ª Vara Federal em Brasília. Trata-se da venda e divulgação do chamado Dossiê Cayman, um amontoado de fotocópias com registros de empresas em paraísos fiscais, grosseiramente falsificados por empresários fugitivos da Justiça brasileira, que viviam em Miami nos Estados Unidos. O dossiê serviu para tentar chantagear o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e seus ministros da Saúde, José Serra, e das Comunicações, Sérgio Motta. O então governador Mário Covas também foi alvo do golpe, que consistia em divulgar como denúncia a notícia falsa de que a cúpula do então governo tucano era dona de uma empresa off shore nas Bahamas com US$ 368 milhões.

Foram dois anos de investigações internacionais da Polícia Federal, feitas pelos delegados Paulo de Tarso e Jorge Pontes. São oito réus, entre eles Leopoldo Collor, irmão do ex-presidente Fernando Collor, que pagou US$ 4,2 milhões pela papelada falsa e nem teria exigido os originais, segundo relatório da PF.

Apurou-se que montagem do falso dossiê começou quando os empresários brasileiros residentes em Miami Ney Lemos dos Santos João Roberto Barusco, Honor Rodrigues da Silva e sua mulher Cláudia Rivieri compraram por US$ 3,2 mil a empresa CH, J & T, aberta em 1994 nas Bahamas pelo advogado americano Robert Allen Junior. Na papelada, eles colaram uma cópia da assinatura oficial do ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta como sendo um dos seus diretores, junto com o sócio fictício Ray Terence, e venderam as fotocópias para Leopoldo Collor e a Luiz Cláudio Ferraz da Silva, amigo da família Collor.
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