A 5ª Vara da Justiça Federal de São Paulo estendeu hoje ao site da Polícia Federal a mesma censura, antes aplicada ao jornal Folha de S. Paulo, que impede a divulgação de qualquer notícia referente à contratação da empresa americana Kroll para espionar desafetos do ex-presidente do Brasil Telecom, Daniel Dantas. Por força da ordem judicial, assinada pela juíza substituta Margarete Morales Simão Martinez Sacristan, a PF teve que retirar de circulação mais de 400 páginas da página eletrônica da sua Divisão de Comunicação Social.

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Incisiva, a juíza manda a PF cessar imediatamente, com expressões grifadas em negrito, "qualquer forma de divulgação de dados pertinentes aos fatos e às pessoas envolvidas no processo". Com isso, os delegados, peritos ou dirigentes da instituição estão também impedidas de dar qualquer informação a respeito do inquérito, mesmo que de interesse público. A ampliação da censura ocorre um dia depois que autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e do próprio Judiciário consideraram a medida uma afronta à Constituição e à liberdade de imprensa.

A juíza ameaça a PF de punição por desobediência civil, caso sua determinação seja desacatada. O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda e os responsáveis pela página eletrônica da instituição, não quiseram comentar a ordem judicial.

Por iniciativa de Dantas, acionista controlador da operadora de telefonia Brasil Telecom, e da presidente da empresa, Carla Cicco, a Krool foi contratada para bisbilhotar a sua concorrente Telecom Italia, o empresário Luiz Roberto Demarco, ex-sócio do banqueiro e outros desafetos dele. A espionagem acabou atingindo membros do primeiro escalão do governo federal, entre os quais o ministro da Comunicação de Governo, Luiz Gushiken

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