Juros mais baixos fazem crédito consignado crescer 120%

Brasília (AE) – O financiamento com desconto em folha de pagamento é a modalidade de crédito pessoal que mais tem crescido no mercado. É também o que apresenta taxas de juros mais baixas. Segundo os dados divulgados hoje (24) pelo Banco Central (BC), o volume de operações do crédito com desconto em folha cresceu 7,6% no mês de maio em relação a abril, passando de R$ 16,570 bilhões para R$ 17,827 bilhões. Em 12 meses, o aumento chega a 120,1%. No mesmo período, o conjunto dos empréstimos concedidos a pessoas físicas e jurídicas em todas as modalidades cresceu 24%.

O custo desses empréstimos estava em 35,6% ao ano em maio, contra 77,2%, na média, cobrados nas demais linhas de crédito às pessoas físicas. É uma das raras modalidades que apresenta queda na taxa de juros. Em dezembro, ela custava 39,2% e havia batido a casa dos 40% em março de 2004. A explicação para o custo mais baixo está na chamada taxa de risco, que vem embutida no custo do empréstimo. Como a parcela é debitada diretamente na folha de pagamento, o banco dificilmente fica sem receber de volta o que emprestou. Como o risco da operação é baixo, o banco pode cobrar uma taxa mais barata.

O crédito com desconto em folha já está, inclusive, mais barato que o financiamento para aquisição de veículos, que, devido ao leasing, sempre foi o mais acessível do mercado. Em maio, o crédito para compra de veículos apresentou uma pequena elevação, passando de 37% ao ano em abril para 37,4% ao ano no mês passado.

Com todos esses atrativos, o empréstimo com desconto em folha já representa 32,7% do total de crédito pessoal, que alcança R$ 54,434 bilhões. Dos R$ 17,827 bilhões emprestados dessa forma, R$ 6,8 bilhões foram tomados por aposentados e pensionistas.

Por outro lado, os empréstimos com desconto em folha têm sido alvo de críticas. Economistas e analistas acham que essas operações são uma fonte de contradição na política monetária. Os empréstimos aumentam a quantidade de dinheiro em circulação na economia e, dessa forma, agem na direção contrária da pretendida pelo Banco Central quando eleva a taxa de juros. O Banco Central eleva os juros para tirar dinheiro de circulação e "sufocar" a inflação deixando menos espaço para a alta dos preços.

Outro problema detectado pelo governo é a falta de informação dos tomadores desses empréstimos. Uma campanha publicitária foi feita para explicar principalmente aos aposentados e pensionistas que, ao tomar o empréstimo com desconto em folha, eles comprometem parte da renda durante alguns meses. O Ministério da Previdência mandou uma orientação especial aos órgãos de defesa do consumidor. Pela lei que estabeleceu as regras para o crédito com desconto em folha, o valor da parcela não pode ultrapassar 30% do rendimento líquido do trabalhador. No caso dos aposentados, o prazo de pagamento está limitado a 36 meses.

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