Ao abrir a 31ª Reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC), instância de decisão do Mercosul composta pelos ministros de Economia e de Relações Exteriores dos cinco países, o chanceler Celso Amorim tentou nesta sexta-feira (15) desfazer o mal-estar causado pelo recente apelo feito pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para que o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações (CAN) sejam "enterrados". Amorim destacou o "grande prazer" do Brasil em ver a Venezuela atuando como membro pleno do bloco.
No último sábado, durante a reunião de cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa), em Cochabamba (Bolívia), Chávez declarara que esse processo de integração mais amplo precisava de um "viagra político". Mas foi além: "enterremos nossos mortos irmãos", conclamou, referindo-se ao Mercosul e ao grupo andino, do qual a Venezuela retirou-se em abril passado. Amorim tentou contornar esse gesto e dar uma versão rocambolesca para o apelo de Chávez. "Nós interpretamos as palavras do presidente Chávez como o desejo de fazer avançar o Mercosul", afirmou o ministro.
Hoje, em Brasília, estava agendada uma reunião do grupo de trabalho que trata da convergência da Venezuela à TEC, na qual Caracas deveria apresentar seu plano para os quatro anos. A reunião, entretanto, foi cancelada a pedido da Venezuela e deverá ocorrer apenas em janeiro. Por enquanto, a Venezuela conta com direito a participar e de opiniar em todas as instâncias do Mercosul. Mas não tem poder de voto. O cronograma de sua convergência para a Tarifa Externa Comum (TEC) será adotado no prazo de quatro anos da ratificação do acordo de adesão pelos quatro países – tarefa atrasada no Brasil e no Paraguai. No mesmo período, vai se desconectar gradualmente dos compromissos da CAN.