Juro futuro recua, mas cena política gera cautela

O mercado de juros retoma os negócios esta semana mais uma vez dividido entre o noticiário econômico doméstico e o quadro político. De um lado, os dados de inflação (hoje, especialmente, as projeções de inflação mostradas pela pesquisa Focus do Banco Central) justificariam novas quedas nas taxas. Mas a preocupação com a disputa eleitoral, que entra em sua última semana antes do primeiro turno, pode garantir volatilidade, especialmente aos contratos mais longos. "Não é fácil visualizar hoje qual será o comportamento do mercado ao longo da semana, porque o quadro político ainda preocupa", afirma um operador.

A pesquisa Focus, divulgada esta manhã pelo Banco Central, trouxe argumentos favoráveis ao alívio das taxas. Houve revisão para baixo de todas as projeções de IPCA. Para o IPCA de 2006, as projeções caíram de 3,23% para 3,03% e, para 2007, a queda foi de 4,34% para 4,30%. Merece destaque o recuo das projeções do Top 5 no cenário de médio prazo, de 3,26% para 2,80%, aproximando-se assim do piso do intervalo da meta de inflação do ano, que é de 2,50%.

As projeções para a taxa Selic também foram corrigidas e passaram a contemplar a hipótese de que o juro será reduzido mais duas vezes este ano em 0,5 ponto porcentual. Para outubro, as projeções caíram de 14% para 13,75%; e, para o fim do ano, as previsões recuaram de 13,75% para 13,50% ao ano.

Essas mudanças nas previsões já eram esperadas, segundo operadores. Mas, de todo modo, podem garantir algum alívio na abertura dos negócios. Ou, no mínimo, conter eventual tentativa de alta dos juros de curto prazo. Mas, dizem profissionais, a pesquisa Focus não deverá definir o rumo dos negócios.

As preocupações com o desenrolar do noticiário político esta semana devem manter o mercado na defensiva. E, a cada nova pesquisa, ou rumor sobre pesquisa, o mercado deve reagir. "A hipótese do segundo turno, que cresceu nos últimos dias, representa o pior cenário para o mercado, porque estende o embate entre governo e oposição", afirma um operador. Assim, afirmam profissionais, o mercado deve operar com cautela, baixo volume, acompanhando o noticiário político.

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