A defesa que o mercado futuro de juros montou ontem na expectativa por um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais alto foi desmontada pela manhã. A taxa de 0,33% em outubro ficou dentro do esperado, muito perto das projeções, de 0,32%. Também no dia de ontem, especulou-se que o IPCA mostraria uma alta mais forte do que o previsto, o que levou a uma correção para cima dos juros futuros.
Hoje, no entanto, os juros abriram em queda na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Às 10h18, o contrato de depósito interfinanceiro (DI) de janeiro de 2008 – o mais negociado e o preferido pelo mercado para montar posições que refletem as apostas para as decisões de política monetária de curto e médio prazos – projetava taxa de 12,98% ao ano, ante o fechamento de 13% ontem.
Ninguém explica as razões para esse movimento. Mas o fato é que, se ontem os juros subiram esperando uma taxa mais salgada, hoje foi dia de correção. Porém operadores não estão convictos de que essa queda indica que o mercado vai convergir, enfim, para uma aposta em relação ao rumo da política monetária.
Isso porque o Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) referente à primeira prévia de novembro voltou a surpreender negativamente. A taxa acusou uma inflação de 0,71%, bem acima das estimativas (0,30% a 0,57%). O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) também veio salgado: ficou em 0,43%, perto do teto das projeções, que variavam de 0,26% a 0,45%.
Por fim, operadores observam que o IPCA, ainda que tenha ficado dentro do esperado, mostrou uma evolução importante: subiu de 0 21% em setembro para 0,33%. E o IPCA demora mais do que os IGPs para refletir a tendência da inflação. Ou seja, há algumas incertezas sobre a continuidade do ritmo de corte de juros, por causa da inflação.