O Conselho de Ética de Decoro Parlamentar discute há quase três horas o relatório sobre processo disciplinar contra o deputado José Mentor (PT-SP). Na última reunião, na semana passada, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) havia pedido vistas ao documento, elaborado pelo deputado Edmar Moreira (PFL-MG).
Hoje (23), Delgado disse que, após tomar depoimento de representante do Banco Rural na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Banestado, em 2003, José Mentor, relator da comissão, teria se encontrado com o empresário Marcos Valério.
"Depois disso (do encontro com Marcos Valério), o relator da CPMI do Banestado, José Mentor, ficou sete meses sem requisitar um único documento ao Banco Rural", afirma Júlio Delgado.
O Banco Rural foi uma das instituições usadas por Valério para repassar dinheiro para parlamentares. O deputado José Mentor nega o encontro com o Marcos Valério e qualquer ação em favor do banco na CPMI do Banestado.
Ainda na reunião do Conselho de Ética de hoje, o relatório do processo disciplinar contra o deputado paulista deve ser votado. Antes, Edmar Moreira tem novamente a palavra, seguido pelo advogado de defesa de Mentor, Antonio Cláudio Mariz.
Há pouco, durante a discussão do relatório, a deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) declarou que votará pelo arquivamento do processo sobre quebra de decoro parlamentar contra o colega de partido, conforme defende o relator.
José Mentor foi processado sob a acusação de receber dinheiro do empresário Marcos Valério. Por meio do escritório de advocacia no qual é sócio, ele teria recebido R$ 120 mil de um sócio de Valério. O deputado alegou que se tratava de pagamento por serviços prestados pelo escritório, sem nenhuma ligação com a suposta mesada para parlamentares em troca de apoio ao governo.
