Juízes federais e estaduais desafiaram ontem os deputados que disputam a presidência da Câmara a abrirem os holerites dos servidores e dos próprios parlamentares. A cobrança foi feita incisivamente a dois dos três candidatos, Aldo Rebelo (PC do B), atual presidente da Câmara que busca a recondução, e Arlindo Chinaglia (PT-SP). Os magistrados querem saber quanto o Congresso paga efetivamente a seus integrantes e se o teto constitucional está sendo acatado

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Na sexta-feira, em São Paulo, durante debate sobre os subsídios da Câmara, Aldo e Chinaglia criticaram os supersalários da magistratura, principalmente os dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)

Aldo propôs o congelamento dos salários dos ministros do Supremo que é de R$ 24,5 mil. Chinaglia criticou o fato de que um ministro do STF ganha cerca de três vezes mais que o presidente da República. Gustavo Fruet (PSDB-PR), o terceiro candidato, foi cauteloso e apenas propôs que o vencimento dos parlamentares seja reajustado de acordo com os índices inflacionários

?Foi o Congresso quem aprovou o projeto que fixou o teto do Supremo?, reagiu Fernando Mattos, presidente em exercício da Associação dos Juízes Federais, referindo-se à votação ocorrida em 2005. ?Seria muito oportuno, dentro de um processo de transparência, que o Legislativo revelasse a remuneração dos parlamentares e de seus funcionários.

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Para Mattos, a divulgação dos valores dos contracheques do Congresso permitiria saber se o teto constitucional está sendo cumprido na Câmara e no Senado. ?Vamos encaminhar essa proposta ao presidente que a Câmara eleger.?

Rodrigo Collaço, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), disse que a publicação dos dados relativos aos holerites deveria ser uma regra não só para o Legislativo como também para o Executivo. ?A regra da Constituição não é aplicável somente ao Judiciário. O desejo muito claro da sociedade aponta para a transparência absoluta quando se trata de salários dos servidores de todos os Poderes.

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Collaço destacou que as funções não são comparáveis. ?São apenas 11 ministros no Supremo, profissionais que seguem uma carreira por toda a vida, não é uma participação eventual como no Parlamento. Para ele, é estranha a proposta de congelar os salários do STF, ?uma vez que recentemente o próprio Congresso cogitou concretamente de aumentar a remuneração fixa dos parlamentares?.