O juiz Lucas do Carmo de Jesus, da comarca de Pacajá, no sudoeste do Pará, decretou hoje a prisão preventiva de seis agricultores ligados à missionária Dorothy Stang, assassinada em 12 fevereiro, em Anapu. Eles são suspeitos da morte de Adalberto da Silva Leal, o Cabeludo, 15 horas depois de o corpo da freira ter sido encontrado numa estrada vicinal do Programa de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança, que ela comandava.
Dos seis acusados apenas o agricultor Luiz Moraes de Brito está na cadeia de Altamira. Para a polícia, ele teria participado do crime, cometido por vingança pelo grupo aliado à irmã Dorothy. Cabeludo estava assentado no projeto de reforma agrária da missionária, mas trabalhava para Amair Feijoli da Cunha, o Tato, que é acusado de ser o intermediário na contratação dos pistoleiros que mataram a missionária.
Os outros cinco acusados estão sendo procurados em Anapu onde todos residem. Um deles é Geraldo Magela Filho, considerado um dos principais aliados da missionária, e que reconheceu o pistoleiro Raifran das Neves como matador da freira. Os advogados dos seis anunciaram que nas próximas horas devem ingressar com pedido de habeas-corpus no Tribunal de Justiça do Pará.
Em depoimento prestado na polícia, a mulher de Cabeludo, Ana Maria Rodrigues da Silva, contou que ele havia sido contratado por Tato para instalar cercas num terreno cuja propriedade é questionada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Na noite do dia 12 de fevereiro deste ano, segundo ela, oito homens chegaram ao barraco onde a família estava abrigada perguntando por uma motocicleta e questionando sobre a morte de Dorothy.
Cabeludo teria negado qualquer envolvimento no assassinato. Depois disso, ela disse ter ouvido disparos de revólver e de espingarda. Leal foi atingido por dois tiros e morreu na madrugada do mesmo dia. A filha dele, Maria Luciene Rodrigues da Silva, afirma que reconheceu entre os homens que invadiram a casa um técnico que trabalha para o Incra no PDS Esperança.
Esse homem seria Geraldo Magela Filho. A garota também disse ter visto com Magela um agricultor identificado como Cláudio.
O juiz Lucas de Jesus afirma no decreto de prisão que eles devem ser presos para garantir a ordem pública e a aplicação da lei.