O juiz André Rui de Andrade Albuquerque, da 1ª Vara Cível de Jaboatão dos Guararapes (PE), foi preso pela Polícia Militar na Operação Mãos Dadas, deflagrada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco e Ministério Público Estadual. Ele e mais oito pessoas foram denunciados pelo procurador-geral de Justiça do Estado, Francisco Sales, por participação em um golpe no valor de R$ 990 mil em 2004, sob acusação de estelionato, falsificação de documentos públicos e privados, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva e concurso de pessoas. Se condenado, o magistrado poderá perder o cargo.
Além dele, outras quatro pessoas tiveram prisão preventiva decretada pelo desembargador Jones Figueiredo, relator do processo judicial: Rosinaldo Queiroz de Azevedo e Iran Vitoriano da Silva (ambos já presos), Davino Mauro Tenório da Silva e um advogado de São Luís do Maranhão, Antonio de Jesus Machado, procurador federal aposentado do Incra.
Davino Mauro Tenório teve prisão decretada também pelo juiz da 6. Vara da Justiça Federal do Maranhão, Newton Pereira, por participação em um outro esquema criminoso investigado pela Operação Alvará, da Polícia Federal. Além de Davino, a PF prendeu sua irmã Marilene Tenório da Silva e o advogado José Carlos Robalinho.
O Ministério Público de Pernambuco também determinou o bloqueio, arresto, seqüestro de bens e hipoteca legal do patrimônio dos denunciados. Pastor evangélico e com salário líquido de R$ 10 mil como juiz, Albuquerque teve confiscadas seis fazendas localizadas no interior de Pernambuco, que teriam sido compradas à vista logo depois do golpe. Sua residência, escritório e gabinete na igreja foram alvo de busca e apreensão. Documentos e computadores foram apreendidos. Ele afirma ser inocente no caso e alega ter dado encaminhamento a atos processuais aparentemente corretos.
As investigações da Justiça pernambucana tiveram início em 2004 quando a família de Smil Sinder representou contra o juiz que permitiu o levantamento e saque de R$ 990 mil por uma falsa dívida a um também falso credor. Iran Vitoriano da Silva, que sacou o dinheiro, entrou na 1ª Vara Cível de Jaboatão dos Guararapes dizendo-se credor de Sinder, que teria como avalista Artur Kastrup (falecido há 10 anos). André Rui de Andrade Albuquerque mandou bloquear bens de Sinder e Kastrup para levantar o montante devido e depois concedeu um alvará a Iran Vitoriano, que sacou o dinheiro – R$ 780 mil da família de Sinder e R$ 210 mil de Kastrup – na agência do Banco do Brasil do Shopping Guararapes.