Juba e coroa

Há poucos dias eles estiveram juntos em Curitiba, sentados lado a lado à mesa que presidiu a sessão inaugural do ciclo de discussões do projeto político que o PMDB pretende para o País.

Estamos nos referindo ao senador Renan Calheiros (AL), presidente do Senado da República, e ao deputado federal Michel Temer (SP), presidente do diretório nacional do partido. Na ocasião, junto a outras figuras ilustres – Garotinho, Quércia e Requião – abriam largos sorrisos, cada vez que o orador na tribuna saudava o regabofe cívico como o renascimento do velho MDB de guerra.

Uma legítima ave Fênix, cujo vôo nenhuma força poderá deter e cuja trajetória está traçada com destino inexorável a ser atingido em breve: o Palácio do Planalto. Poucas semanas depois, Temer e Renan ocupam espaço nos jornais digladiando-se em torno da candidatura do primeiro à presidência da Câmara dos Deputados.

O problema é que o senador Renan Calheiros encarna o PMDB atrelado ao Palácio do Planalto, fiel ao credo político de José Sarney, um dos raros políticos a possuir bancada pessoal no Congresso.

Juntos emplacaram três ministros na Esplanada e não seria agora, que Lula deles precisa como o náufrago se agarra a um destroço do navio, que o deixariam na mão. Por isso, Renan empenha-se de corpo e alma na campanha do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), o candidato do governo.

Hoje será conhecido o novo presidente da Casa e a disputa mais acirrada, como tudo leva a crer, deverá acontecer entre os deputados José Thomaz Nonô e Aldo Rebelo. Nonô (PFL-AL) é o presidente interino e, decerto, o candidato mais viável da oposição para manter o equilíbrio de forças.

O PT, que perdeu a condição de partido com a maior bancada na Câmara, fendido pela desmoralização de seu patrimônio moral, sequer teve forças para indicar candidato ao cargo que, em fevereiro último, disputou com dois pretendentes e perdeu feio. Aliás, derrota que marcou o início da caminhada inglória da qual não conseguiu sair.

Dado o elevado número de candidatos avulsos e da extrema confusão instalada, não será surpresa se a mesa continuar virada, com um representante do baixo clero sendo ungido para vestir a juba e ostentar a coroa de Severino…

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