Brasília – Protesto contra a política adotada na Organização Mundial do Comércio (OMC), reivindicação de prioridade para a agricultura familiar e para a reforma agrária, e de mudança no modelo agrícola brasileiro marcaram a manifestação que reuniu cerca de 2 mil trabalhadores rurais e jovens na Esplanada dos Ministérios, na tarde desta terça-feira (25).
Organizada pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo e pela Pastoral da Juventude Rural, a manifestação incluiu um ato de solidariedade aos povos árabes envolvidos no conflito entre Israel e o grupo armado Hizbollah. No Ministério das Relações Exteriores, foi entregue documento que solicitava um pronunciamento público do governo brasileiro contra os bombardeios no Oriente Médio.
Durante a passeata, os manifestantes queimaram um caixão como um ato simbólico contra a OMC e o agronegócio, que segundo eles impedem o desenvolvimento da agricultura familiar. O coordenador do Fórum, Gilberto de Oliveira, disse que "o velório é o símbolo de que o agronegócio sempre foi um instrumento do capital para concentrar riqueza e, fundamentalmente, para captar recursos para essa área, deixando de fora os menos favorecidos?.
No Palácio do Planalto, foi entregue outro documento, elaborado pela Pastoral da Juventude Rural, reivindicando melhorias para a vida do jovem no campo. ?Queremos mais investimentos na educação e na cultura desses jovens e pedimos a criação de uma linha de crédito rural para a juventude no campo?, informou o coordenador Maciel Cover. O estudante Mairo Piovesan, de 18 anos, contou que veio do Rio Grande do Sul, onde a família sobrevive da agricultura e "já passou por dificuldades devido ao modelo centrado no agronegócio". Segundo ele, a falta de investimentos na educação para a população rural leva muitos jovens para as metrópoles: "Eu estudei muito pouco no interior, a cultura da minha terra natal foi perdida. Hoje, para fazer uma faculdade, tenho que ir para a cidade, mas eu não quero e nenhum desses jovens quer. Nós queremos educação no campo, educação popular que seja identificada com a cultura do jovem do campo?.
Um documento com propostas para a reforma agrária e para a agricultura familiar deverá ser apresentado nas próximas semanas ao governo federal, segundo o coordenador do Fórum. A proposta foi elaborada no Encontro dos Povos do Campo, encerrado hoje, e de acordo com Gilberto de Oliveira, "é um documento mais conciso e tem um conjunto de medidas que não foi possível apresentar hoje?.