O paranaense Rafael Kawakami, morador em Maringá, no norte do Paraná, que morreu domingo em acidente de trânsito em Hikone, na região central do Japão, tinha completado 19 anos na sexta-feira. Foi nesse dia que sua mãe, Lilia, conversou pela última vez com o filho. E guarda as palavras. Quando dizia que o amava, Rafael sempre respondia: "Eu também". Na sexta-feira foi diferente: "Eu também te amo, mãe". Foi a primeira e última vez que ele usou esse verbo.
Rafael viajou com a mãe e o padrasto em 28 de abril para trabalhar no Japão. Apesar de ser a primeira viagem, encontrou um emprego em uma fábrica de autopeças. A mãe voltou há dois meses. O rapaz ficou com o padrasto, que agora está tratando dos trâmites burocráticos para o traslado do corpo. A previsão é que chegue ao Brasil na sexta-feira. Ele tem mais dois irmãos de sangue e outros seis, que são filhos do padrasto.
O pai de Rafael, Maurício, conversou com o filho pela última vez em outubro. Mas o contato do rapaz era freqüente com o irmão que está no Brasil. Eles se viam pela webcam. De acordo com o pai, a intenção inicial de Rafael era ficar um ano no Japão, mas depois já tinha ampliado esse tempo para três anos. "Ele gostava muito de jogar futebol e de trabalhar", lembrou. "Tinha muitos amigos lá e estava feliz."
Adepta da Seicho-no-ie, filosofia originária do Japão, a família tentava se consolar da tragédia com muita oração. "A gente acredita que a alma continua viva", disse o tio do rapaz, Carlos Alberto Satochi Kawakami.
