Brasília (AE) – Apontado pelo ex-deputado Roberto Jefferson como um dos operadores do ‘mensalão’ na Câmara, o deputado José Janene (PP-PR) apresentou hoje (21) à diretoria-geral da Casa um pedido de pensão por invalidez. A doença rara e grave, diagnosticada há dez anos e que o obriga a usar um aparelho marcapasso desfibrilador implantado no corpo, pode acabar funcionando como uma saída política, para livrar o líder de uma eventual cassação de mandato.

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Janene está sendo processado por quebra de decoro no Conselho de Ética da Câmara e tem insistido que não renunciará à cadeira de deputado para fugir da cassação. Mas seu envolvimento no ‘mensalão’ é de tal monta que o apartamento funcional que ocupa na Asa Sul é conhecido como "Pensão Janene", não só pela galinhada preparada por sua empregada que atrai grande número de parlamentares, mas por reunir ali, segundo denúncias de Jefferson, pepebistas que receberiam o ‘mensalão’.

A ligação de Janene com o escândalo se materializa na figura de seu ex-chefe de gabinete João Cláudio Genu, que sacou, segundo a CPI dos Correios, a quantia de R$ 4,1 milhões das contas das empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.

"Quero me defender, custe o que custar", repete aos liderados. Mas até seus correligionários admitem que o risco de ele perder o mandato é grande. Diante do futuro incerto, Janene foi aconselhado a fazer uma consulta formal à diretoria da Casa para saber em que condições a Câmara concede aposentadoria por invalidez. Por ser parlamentar em segundo mandato e ter menos de 60 anos, Janene não reúne condições para pedir aposentadoria proporcional.

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Com a saúde comprometida e fartas recomendações médicas de aposentadoria compulsória, por invalidez, o líder está consciente de que não teria condições físicas de enfrentar a campanha pela reeleição. Aposentadoria, só em último caso, seja determinada por questões políticas, ou de saúde.

Ele sabe que em qualquer circunstância terá de passar pelo aval de uma junta médica da Câmara. Diante do laudo emitido pelo Instituto do Coração de São Paulo (Incor), não tem dúvidas de que argumentos técnicos para uma aposentadoria por invalidez não lhe faltam. A questão de saúde é a única hipótese de Janene se aposentar.

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Deputado desde 1995, ele tem o mínimo de oito anos de mandato exigidos no caso de aposentadoria proporcional ao tempo de serviço, mas não cumpre o requisito da idade mínima de 60 anos. Janene completou meio século no dia 12 passado. O cálculo do valor do benefício é complexo, mas se obtiver a aposentadoria por invalidez, o líder não deverá receber menos de um terço do salário mensal de R$ 12.720,00.

Foi diante deste quadro que ele viajou hoje à tarde para Curitiba, onde se internaria em um hospital para se submeter a um transplante de célula tronco. O tratamento no seu caso é experimental, mas é sua única esperança de conseguir melhorar a musculatura do coração que atualmente só lhe permite absorver 28% do oxigênio necessário.