Brasília (AE) – Depois de cinco horas de depoimento no Conselho de Ética, o deputado José Dirceu (PT-SP) finalmente perdeu a frieza. O responsável foi o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que acusou Dirceu e o governo do PT de tentar amordaçar o Ministério Público proibindo os procuradores de falar sobre casos que investigam e de ser contra a liberdade de imprensa.

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"É inacreditável. Foi o governo de Fernando Henrique Cardoso que propôs a Lei da Mordaça apoiado pelo seu partido", reagiu Dirceu, em resposta ao tucano. "Quando o governo é do PT o senhor é a favor da lei", respondeu Sampaio. Quando o deputado do PSDB o acusou de ser contrário à liberdade de a imprensa publicar notícias contrárias ao governo, Dirceu interrompeu: "Eu peguei em armas pela liberdade de imprensa." O tucano ainda criticou o fato de Dirceu apenas recentemente ter pedido desculpas a Eduardo Jorge, secretário-geral da Presidência de FHC, a quem acusou de envolvimento com corrupção. "Porque o senhor só pediu desculpas quando está sendo acusado e correndo o risco de cassação", afirmou Sampaio.

No restante do depoimento, Dirceu conseguiu manter o sangue-frio. Até mesmo depois de ouvir acusações veementes do deputado Babá (PSOL-PA), expulso no PT em 2003. Num discurso que durou 10 minutos, Babá acusou o deputado de ser responsável por decisões políticas equivocadas tomadas pelo governo e de ser injusto com os adversários políticos. Dirceu reagiu com calma: "O senhor nunca falou com o presidente Lula, nunca falou comigo e nunca tomou parte nas decisões do partido."

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