O governo é novo, mas as reclamações dos aliados e o comportamento dos ministros são antigos. A velha queixa dos parlamentares sobre a demora dos ministros em marcar audiências e retornar ligações acabou sendo um dos temas da primeira reunião do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, com os líderes do governo e do PT na Câmara e no Senado.
O alerta sobre o “mau atendimento” dos ministros foi dado pelo deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo na Câmara. Na reunião, Rebelo pediu que José Dirceu oriente os ministros a retornar os telefonemas dos parlamentares e a marcar as audiências solicitadas.
“Com o início do ano legislativo é preciso conversar com os ministros para que eles atendam as convocações e convites dos presidentes das comissões. Alertei também que eles precisam dar retorno as ligações e marcar as audiências”, contou Rebelo, que não quis revelar quem são os parlamentares insatisfeitos com “mau atendimento” dos ministros.
“Tenho o registro de queixas de deputados que não têm retorno”, limitou-se a informar o líder. As dificuldades dos parlamentares conseguirem um encontro com ministros era uma das queixas mais recorrentes dos aliados do governo de Fernando Henrique Cardoso.
Na reunião, Dirceu e os líderes do governo também começaram a estudar uma pré-pauta de votações para a Câmara e o Senado. O Palácio do Planalto já definiu que a reforma da Previdência será uma das prioridades do governo no Congresso. Mas os governistas ainda estão analisando a viabilidade de incentivar a votação junto com a discussão da Previdência de outras propostas, como a regulamentação do artigo 192 da Constituição, que trata do sistema financeiro nacional. A aprovação deste emenda permitirá que o governo envie projeto propondo autonomia para o Banco Central, com fixação de mandato para os diretores.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá pessoalmente ao Congresso, no dia 17 de fevereiro, para encaminhar a mensagem do Executivo para a abertura dos trabalhos do Legislativo. Essa mensagem é enviada todos os anos pelo presidente da República ao Congresso e, em geral, faz um apanhado das prioridades do governo. O ex-presidente José Sarney foi o último presidente da República que esteve no Congresso, em 1990, para entregar pessoalmente a mensagem do Executivo. Assim que a Câmara e o Senado voltarem a funcionar, o presidente Lula pretende convidar os 81 senadores e 513 deputados para jantar, em datas distintas, na Granja do Torto.