Brasília (AE) – O deputado José Dirceu (PT-SP) será ouvido amanhã (27) pelo Conselho de Ética da Câmara no processo por quebra de decoro parlamentar aberto contra ele pelo PTB. Dirceu traçou sua linha de defesa e dirá que as acusações contra ele "são tão frágeis" que até o autor da ação – o PTB – queria retirá-la. Dirceu é acusado de ser o mentor do esquema do ‘mensalão’, operado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Ao mesmo tempo, a Comissão de Sindicância deverá ouvir seis deputados acusados pelas CPIs dos Correios e do Mensalão de receberem dinheiro do esquema montado por Marcos Valério e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Os petistas João Paulo Cunha (SP), Professor Luizinho (SP), Paulo Rocha (PA) e José Mentor (SP), o presidente do PP, Pedro Corrêa (PE) e Vadão Gomes (PP-SP), terão a oportunidade de fazer sua defesa na Comissão de Sindicância antes que o processo seja encaminhado ao Conselho de Ética.
Todos eles pretendem dizer que o dinheiro recebido das contas de Marcos Valério foi usado para pagar contas de campanha em seus Estados. De todos, os mais expostos foram os petistas, que compareciam pessoalmente ou mandavam funcionários pegar o dinheiro no Banco Rural. O PP concentrou o recolhimento do dinheiro no ex-assessor João Cláudio Genu e em parlamentares como Vadão. O PP argumenta ainda que gastou parte dos recursos com a defesa do deputado Ronivon Santiago (AC), cujo mandato foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Recurso
Dirceu vai dizer aos integrantes do Conselho de Ética que pretende paralisar no STF o processo que contra ele move o PTB. Avisará que o recurso visa a trancar a ação porque entende que não pode ser julgado por suposta quebra de decoro parlamentar quando estava de licença do cargo de deputado para exercer o de ministro da Casa Civil. Para o relator do processo contra Dirceu, Júlio Delgado (PSB-MG), a argumentação do ex-ministro poderá ser refutada porque, ao fazer a opção pelo salário, escolheu o de deputado, que é de R$ 12,72 mil, contra os R$ 8 mil dos ministros.