Jornalistas bolivianos rechaçam controle da imprensa

A Associação dos Jornalistas de La Paz e outras organizações da imprensa boliviana rechaçaram um projeto de lei do governo, por acreditar que ele restringirá o acesso à informação pública. Já a ministra da Transparência, encarregada da redação do projeto de lei, Nardy Suxo, disse que com o projeto de "lei de transparência e acesso à informação pública" se procuram abrir canais de informações a partir do Estado, embora tenha reconhecido que os jornalistas pediram mudanças em um parágrafo sobre as exceções.

Em declarações à emissora Cadena A, Suxo reconheceu que várias associações de imprensa rechaçam um parágrafo do projeto de poderia dar ao governo a possibilidade de determinar com exatidão aquilo que considera que deve informar e aquilo que, no seu entender, deve ser "informação classificada." Ela assinalou que ao respeito do parágrafo pediu a alguns "sindicatos" que sugerissem uma nova redação do artigo 18, referente às restrições. Segundo ela, os "sindicatos", no entanto, "não apresentaram, lamentavelmente, uma proposta.

O assessor legal da Associação dos Jornalistas de La Paz, Antonio Vargas, disse à imprensa, em aparente contradição com Suxo, que o governo "não fez as correções necessárias às observações feitas pelos jornalistas, por isto rechaçamos o documento." Vargas indicou que o projeto de lei, além de limitar o acesso à informação que o governo deveria fornecer, ao colocar o rótulo "interesse do Estado", ou "interesse superior" relacionado ao que o Executivo chama de luta contra a corrupção e que facilita o levantamento do sigilo bancário, poderia deixar indefesos os jornalistas que não fazem parte do oficialismo, em possíveis disputas políticas.

Vargas reafirma que a combinação desses fatores pode desencadear uma "caça às bruxas" contra opositores, jornalistas e proprietários dos meios de comunicação. Em comunicado, a Associação Nacional de Imprensa (ANP, na sigla em espanhol), que congrega as principais empresas jornalísticas da Bolívia, ao se referir ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que se comemora na data, aludiu à polêmica ao manifestar seu "firme propósito de conseguir um consenso em torno do direito de dar e receber informação.

A ANP anunciou também que conferirá o Prêmio Liberdade de 2007 para o primado da Igreja Católica Romana na Bolívia, o cardeal Julio Terrazas, por causa da sua luta a favor dos direitos humanos, da democracia e da liberdade de expressão. O clérigo, em declarações à rede de jornais diários Líder, exortou o governo e as associações de imprensa a buscar o entendimento, e assinalou que "sem liberdade de imprensa, não existe democracia." Neste clima carregado, vários meios da imprensa boliviana publicaram nesta quinta-feira um comunicado da SIP, que manifesta preocupação com críticas do governo a alguns meios de imprensa e a jornalistas.

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