O jornalista Joe Sharkey, que estava a bordo do jato Legacy que se chocou com o Boeing da Gol, no fim de setembro, causando a morte de 154 pessoas no Mato Grosso, mais uma vez reclamou da retenção dos pilotos americanos Joe Lepore e Jan Paladino. Na edição desta terça-feira (21) do jornal americano The New York Times (NYT), Sharkey afirma em um artigo intitulado "Presos em uma selva burocrática após pousar um jato avariado" que os comandantes do Legacy estão há 53 dias confinados em um quarto de hotel no Rio, sem saírem de lá por medo da reação dos brasileiros.
"Os pilotos não foram acusados de nada nem se produziu algum evidência de sua culpabilidade. Mas, na sexta-feira, um juiz brasileiro negou o último pedido dos pilotos para receberem de volta seus passaportes, e disse que eles deviam permanecer no Brasil até a conclusão da investigação, que pode levar pelo menos mais dez meses", disse o jornalista, que considera a reação do público brasileiro ao caso um tanto "antiamericana".
Em seguida, Sharkey reclama das autoridades da Força Aérea Brasileira (FAB) e da cobertura da mídia mundial sobre o caso. "Depois do acidente, a FAB e outras autoridades fizeram afirmações de que os pilotos americanos estariam fazendo manobras aéreas arriscadas ilegais para exibir o novo avião. Não sei de onde eles tiraram isso, mas as acusações mereceram grande espaço na mídia brasileira e mundial. Já testifiquei formalmente e afirmei e escrevi que o Legacy estava voando de maneira estável e absolutamente normal.
Para o jornalista, a investigação brasileira está tentando acobertar "falhas humanas e tecnológicas no sistema de controle de tráfego aéreo" do País. Por isso, o mais confiável seria ouvir as investigações independentes internacionais.
"Autoridades (americanas e canadenses) realizam investigações independentes no Brasil. Seu foco principal tem sido descobrir se o acidente foi causado principalmente por uma série de falhas humanas e tecnológicas no sistema de controle aéreo do Brasil. O Legacy, como revela sua caixa-preta, fez 19 tentativas malsucedidas de contactar o controle de tráfego aéreo antes da colisão.
Sharkey também põe em dúvida a confiabilidade do relatório preliminar da FAB. "O plano de vôo do 737 da Gol pedia que ele estivesse em 41.000 pés no ponto em que os dois aviões colidiram. Mas o controle de tráfego aéreo instruiu o 737 para voar a 37.000 pés." "Este é um fato omitido no relatório", completou.
O artigo termina com um questionamento feito por Robert Mark, ex-piloto e controlador de tráfego aéreo norte-americano: "Por que não há mais gente se preocupando com os efeitos que isso poderá ter, isso de alguns países estrangeiros começarem a deter pessoas por qualquer razão, real ou imaginária?