As ações tomadas pelo Governo do Paraná desde os primeiros dias de 2003 na busca de uma tarifa de pedágio mais justa à sociedade paranaense ampliam as discussões e os debates sobre o modelo de pedágio implantado pelo governo anterior e, até, sobre a real necessidade da existência da concessão de rodovias no Estado.
Na sua edição de domingo (11) o jornal Folha de Londrina produziu um extenso material com o título principal: ?Pedágio no Paraná: mais custo do que benefício?. Nas quatro páginas destinadas ao assunto, o periódico percorreu as estradas pedagiadas, ouviu entidades, caminhoneiros e comerciantes de beira de estrada.
Após o amplo levantamento, o jornal concluiu o que o Governo do Paraná vem alertando há três anos: ?O pedágio é caro, complica a vida das pessoas e os benefícios muitas vezes podem se resumir a uma bem feita ?maquiagem?. Em alguns trechos, nem isso?. Este é o segundo material especial destacando o tema das concessões rodoviárias no Paraná produzido por jornais de grande circulação estadual em pouco mais de três meses.
Em dezembro do ano passado, a Gazeta do Povo também elaborou uma série de reportagens entitulada de ?O pedágio que não agrada ninguém?, com destaque para uma pesquisa que apontava que 64,6% dos entrevistados afirmavam que ?o Governo Requião deve levar até as últimas instâncias as tentativas de baixar o pedágio na Justiça ou por meios administrativos?.
Já, segundo o levantamento feito pela equipe da Folha de Londrina na edição desse domingo, ?o alto custo do pedágio é responsável por mudanças drásticas na vida de muitos paranaenses, que se sentem vítimas da política de concessão de rodovias?.
Personagens
O material é rico em personagens, caminhoneiros que sentem as tarifas apertarem cada vez mais os seus lucros e comerciantes que viram seus faturamentos minguarem ao longo dos últimos anos, pois seus clientes têm que economizar para passar pelas praças de pedágio.
De acordo com a Folha de Londrina, a cobrança de pedágio é hoje a principal barreira entre os caminhoneiros e sua grande paixão: a vida nas estradas. O jornal reforça o posicionamento de várias entidades representativas das classes dos caminhoneiros. Os autônomos são os que mais sofrem e já não agüentam arcar com os custos do pedágio.
É citado o caso do caminhoneiro José Carlos Tarabaica Junior de Palmas. Segundo ele, o autônomo não suporta mais do que dois anos na estrada. ?Muitas vezes, acaba tendo de vender o caminhão?, afirmou o transportador.
Abandono
As altas tarifas também vêm mudando os rumos dos paranaenses. Muitos caminhoneiros estão abandonando as estradas e diversos comerciantes estudam mudar de ramo.
?O principal problema é que a implantação das praças de pedágio proporciona impacto difícil de calcular para quem tira o sustento das rodovias ou para quem vive próximo dos locais de cobrança?, reforçou a Folha de Londrina. Para justificar essa argumentação o jornal mostra a dificuldade do ex-caminhoneiro Romilton Edson Freghetto e a comerciante Elisa Werner.
Romilton tem apenas 28 anos e já largou a profissão. ?Com a tarifa de pedágio muito alta e o óleo diesel muito caro, não estava mais sobrando o que sobrava antigamente?, afirmou. Já Elisa Werner tem um comércio há quase uma década na rodovia que liga Curitiba ao Litoral, mas pensa em vendê-lo pela falta de movimento.